domingo, 7 de junho de 2015

Quando a intolerância religiosa mata dolosamente

Quando a intolerância religiosa mata dolosamente

Aos 90 anos de idade, morreu Mãe Dede de Iansã, do Terreiro de Oyá.
Mas Mãe Dede não faleceu de morte natural. Foi assassinada, de forma premeditada e cruel.
A ialorixá mais idosa de Camaçari, foi mais uma vítima da crescente intolerância religiosa que contamina o país.
Tudo começou há cerca de um ano, quando a bendita "Casa da Oração" resolveu instalar-se nas proximidades do terreiro de candomblé.
Imediatamente após a inauguração, estimulados por pastor Lucas, fiéis da seita evangélica iniciaram rituais de hostilização à casa religiosa e também à mãe Dede.
Comandados pelo fanatismo religioso, desordem pública, ofensas e perseguição a devotos da religião de matriz africana, passaram a ser uma constante na Rua da Mangueira na localidade de Areias.
A violência gratuita e incessante fez com que o caso fosse parar na polícia. Com o registro de ocorrência na 26ª Delegacia de Vila de Abrantes, no último dia 15 de maio, foi determinada audiência para apurar a denúncia de ameaça, injúria e intolerância religiosa.


No entanto, infelizmente, Mãe Dede não conseguiu acompanhar a condenação dos culpados.
Durante a noite do último sábado, 30, e a madrugada de domingo, 31, fanáticos da seita, em transe coletiva, promoveram uma vigília de "Libertação" com o intuito de reforçar as injúrias à sacerdotisa.

Horas a fio, aos berros de "queima essa satanás, liberta senhor, destrói a feitiçaria" integrantes da seita - alucinados - rogaram pragas, ameaças e maldições para a dirigente do centro religioso de cultura africana.
Como resultado, com muito medo e nervosa devido à gravidade dos impropérios - após noite sem dormir - a nonagenária sacerdotisa sofreu infarto do miocárdio e faleceu durante as agressões psicológicas.
Agora cabe a polícia e à justiça buscarem apuração e condenação deste crime dolosamente premeditado de intolerância e injúria religiosa.
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