terça-feira, 15 de novembro de 2011

Puxada, ou quando a corda não precisa carregar caçamba extra - I


Este texto nasceu da experiência trocada entre os participantes de comunidade Umbanda Sem Medo, sobre um assunto que pesquisando, pouco se encontrou discutido e aprofundado e cremos tem pertinência para o dia dia de muitos. Como mero escriba, deixo especial agradecimento para ANA, Cris, Cláudio Zeus e Fernando.


Estamos falando das famosas puxadas, que é o ato de trazer para um ou mais médiuns, cargas energéticas ou presenças espirituais deletérias dos campos áuricos das pessoas. Este tipo de médium para muitos é conhecido como médium ponte. O termo puxada também é usado para denominar quando ocorre a aproximação da entidade protetora e o Guia da Casa auxilia o médium em desenvolvimento a manifestá-la. 


Outro esclarecimento importante, muitos terreiros se apropriam de termoskardecistas para ilustrarem suas práticas, a puxada em Umbanda, também é conhecida como transporte, e o médium por sua vez denominado médium de transporte, porém sem conhecerem devidamente o que isto quer dizer. Encontramos no Livro dos Médiuns, Cap. V, Manifestações Físicas Espontâneas, O Fenômeno de Transporte, em resumo;


“Consiste no transporte espontâneo de objetos que não existem no lugar da reunião. Trata-se geralmente de flores, algumas vezes de frutos, de confeitos , de joias, etc.”


Cremos não ser preciso detalhar mais a explicação para que se configure a enorme diferenciação entre o significado original e o atribuído em Umbanda.


Uma pequena ilustração para que nos sirva de introdução a alguns posicionamentos e descrição de condutas sobre a puxada;


Reconheci que o processo de incorporação comum era mais ou menos idêntico ao da enxertia da árvore frutífera. A planta estranha revela suas características e oferece seus frutos particulares, mas a árvore enxertada não perde sua personalidade e prossegue operando em sua vitalidade própria.” Missionários da Luz, Cap. Incorporação – André Luiz

Para que a puxada tenha objetivo e finalidade correta é importante ressaltar;

1- Que exista mediunidade de fato (não seja um anímico);

2- Não tenha medo, e confie naqueles que vão ampará-lo neste trabalho, tanto na parte material como na espiritual - se não confiar, nem é bom tentar;

3- Tenha recebido treinamento adequado ou, se for iniciante, que tenha à sua volta uma corrente muito bem firmada por espíritos que tenham este tipo de treinamento;

4- Que saiba controlar moderadamente as atitudes do "puxado" para que não haja excessos. O exemplo da ilustração acima em azul é uma pista;

5- Tenha protetores de fato que tanto o prepare para a (s) puxada (s) quanto para a limpeza posterior, sempre necessária (fator imprescindível);

6- Entenda que ele é um intermediário e que está ali para permitir ou facilitar o contato do obsessor com os espíritos que vão encaminhá-lo depois e que, por isto mesmo, não pode entrar em sintonia máxima com o obsessorsob pena de dificultar a sua retirada por parte dos espíritos auxiliares em casos em que esses obsessores se tornam ou se mostram muito obstinados.

No processo de puxada, dependendo muito do treinamento do médium para isto, ele vai sentir  a aproximação; vai sentir a "entrada" da entidade até o ponto em que ele médium permitir, sem perder a consciência. Mantendo-a, mesmo que parcialmente, não poderá deixar que todas as sensações "físicas" da entidade, bem assim como os comportamentos sejam expostos em toda a sua plenitude, fato este que denotará que, mesmo parcialmente incorporado, o dono do corpo é ele - o médium - o que fará ver à entidade que "ela não é tão forte como quer parecer", nos casos em que isto se torna evidente.

Se o médium se deixar comandar totalmente é sinal de que ele é "mais fraco" que a entidade, o que por si só já transmite a ela a idéia (quase sempre correta) de que pode "mandar no pedaço" e fazer o que bem quer com este médium.

Indicação Chave: Neste tipo de processo, tudo o que o médium não pode é FICAR TENSO. Pelo contrário, deve deixar fluir por seu corpo todas as sensações que forem necessárias de uma forma que ele mesmo não acabe prendendo-as e com isto continue a senti-las após a saída do "invasor". Se sentir enjoo, não deve se ligar a ele; se sentir ânsia de vômitos não deve forçá-lo, mas se ele vier, deve deixar vir o mais naturalmente possível, sem se importar com o que os outros vão pensar porque, de outra forma, prenderá toda a energia que provoca a ânsia dentro de si dificultando o trabalho dos espíritos que o assistem de fora. De uma forma geral, num processo bem coordenado, essas sensações (e possíveis outras) PASSAM pelo médium e, se ele não as bloquear dentro de si por tensões e medos, vão embora assim como vieram.

Liberdade de comando do corpo só se dá aos espíritos seguramente amigos (Ou seja, seus Protetores de fato e direito) e nunca aos que apenas passam por nós, temporariamente, para que possam vir a ser encaminhados. Questão de segurança!

Médiuns em desenvolvimento, em sua maior parte já tendem a não deixarem QUALQUER ENTIDADE lhes tomar adequadamente (por medo mesmo, quase sempre). Se aprenderem com a prática a deixarem se tomar por Protetores e não se deixarem tomar por "invasores", já terão um bom caminho andado nesta prática.

Os médiuns mais antigos que não tiveram este tipo de treinamento inicial, costumam ter maiores dificuldades e às vezes não conseguem se livrar de todas as sensações que esses espíritos trazem consigo e passando mal, após, por conseguinte. Em casos mais problemáticos, digamos assim, não conseguem nem se livrar do próprio obsessor, de tanto que lhe deram permissão de invasão.


CONTINUA...



por Edenilson Francisco

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