quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ogãs, Cambonos e Ekédis.


Uma casa de santo, seja de Umbanda ou Candomblé, além dos filhos de santo, tem outros elementos que dão suporte aos trabalhos, além de serem considerados, um tipo de autoridade da casa. Tais elementos são os Ogãs, Cambonos e Ekédis.







A principal características desses filhos, notadamente Ogãs e Ekédis, é a falta da capacidade de manifestarem o Orixá ou a Entidade Espiritual.






Não são rodantes, como se diz normalmente sobre os filhos de santo que têm a capacidade de receberem a entidade, ou seja, de manifestarem através da matéria a personificação do espírito.






Na Umbanda, os Ogãs são naturalmente e normalmente os tocadores de atabaques. Aos Cambonos cabe o auxílio às entidades e consulentes. Há uma característica muito comum na Umbanda, que é iniciarem os trabalhos como Cambonos, a maioria dos filhos, mesmo os que têm a capacidade da incorporação.






Enquanto a mediunidade vai se desenvolvendo eles ajudam aos mais velhos que já têm a mediunidade pronta. Esse trabalho de ajuda, não cessa por completo com o desenvolvimento.






Mesmo os já desenvolvidos na Umbanda, quando não incorporados, procuram ajudar aos demais, aos mais novos inclusive. Os Ogãs, mesmo os de Umbanda, normalmente não são rodantes, embora pudemos, em várias ocasiões, observar isso ocorrer.






Neste caso, do meu ponto de vista, não podem ser considerados Ogãs, e sim alguém que estariam momentaneamente ajudando a casa tocando o atabaque.






De qualquer forma, é um problema, pois o atabaque é o elemento que faz a chamada da Entidade, e se no meio do toque, o Ogã ao invés de manter a vibração do toque, manifesta-se com ela, poderá criar uma quebra de concentração e conseqüentemente uma quebra fluídica. Seguramente isso ocasionará transtornos e mal estares em médiuns mais novos como até nos mais velhos também.






No passado era uma regra geral que atabaques eram instrumentos consagrados unicamente ao Ogã, que deveria ser necessariamente do sexo masculino,. Esta regra vem sendo quebrada sistematicamente em algumas casas menos tradicionais.






Há muita discussão sobre o assunto e provavelmente muita água irá rolar por baixo da ponte, até que se determine ser certo ou errado tal procedimento.






Em algumas casas de Umbanda costuma-se dar à pessoas de bom nível social ou amigos que se apresentam para o trabalho e ajuda da casa, títulos de Cambono e até Ogãs.






Estes entretanto, que na verdade não participam da vida ativa do centro e comparecem eventualmente às sessões comuns e muito ativamente nas festas,são uma categoria especial e recebem funções específicas como fiscais da freqüência, servem bebidas e comidas aos convidados e procuram manter a normalidade dos trabalhos, impedindo o acesso de elementos negativos possam criar algum problema.






Aqueles que participam ativamente da vida vegetativa e espiritual da casa serão os Cambonos de terreiro e participarão ativamente das sessões e festas, sendo na maioria das vezes os futuro médiuns de trabalho com as entidades.






Em contrapartida temos o Ogã e a Ekédi. São funções ou capacitações de elementos nas diversas nações de Candomblé. Nas diversas nações afro-descendentes recebem nomes específicos. Trataremos aqui como Ogã e Ekédi, levando em consideração a importância e tipo de trabalho, além de ser naturalmente, os termos mais conhecidos dentro da religião por iniciados ou neófitos. Não são apenas iniciantes a espera da manifestação dos Orixás, ou pessoas que possam ajudar de alguma forma a casa.






No Candomblé, Ogã e Ekédi são cargos que já vêm determinados às pessoas, assim como os que têm a obrigatoriedade de iniciar-se na religião, fazendo o que comumente chamamos de FAZER O SANTO, ou FAZER A CABEÇA! O Ogã e a Ekédi, primeiramente são suspensos pelo Orixá e futuramente confirmados em iniciação particular, diferente em alguns aspectos, da iniciação do Omo-Orixá, ou Filho de Santo. Possuem poderes específicos dentro dos barracões, pois são autoridades especiais, sendo considerados pais e mães por natureza.






A eles são atribuídos os atabaques, os sacrifícios, a guarda de elementos espirituais, colheita de ervas, responsabilidade pela cozinha do santo, auxílio imediato ao Babalorixá/Yalorixá nos ebós e obrigações dadas nos filhos. São Mães e Pais Pequenos do barracão, Mães Criadeiras, verdadeiras mães e pais a quem os filhos devem respeito e carinho.






Podemos notar as diferenças funcionais e fundamentais entre Cambonos e Ogãs que trabalham na Umbanda em contrapartida aos Ogãs e Ekédis no Candomblé, porém é importante lembrar que guardada as proporções de cada uma das funções, tantos uns como outros, são importantíssimas suas funções e seria muito difícil, quiçá impossível, muitos objetivos do culto serem alcançados sem a presença deles.






Respeitem e tratem muito bem, com carinho, amor e devoção aos seus Ogãs, Ekédis, Mães e Pais Pequenos além dos Cambonos, são eles que de alguma forma, fazem com que o caminho a ser trilhado dentro da religião seja menos penoso, mais alegre e muito mais feliz.






E a vocês, Cambonos, Ogãs e Ekédis, saibam o quanto suas presenças nos felicitam, o quanto suas capacidades nos ajudam, o quanto seus carinhos nos confortam.






Fonte: Umbanda de Amor

NOSSO LAR - INDIGNAÇÃO

Retransmitimos mensagem:





Senhor Ministro de Estado da Cultura Juca Ferreira






É do conhecimento da maioria da população brasileira o sucesso absoluto de filmes de fundo espírita como “Chico Xavier” e “Nosso Lar”.






Milhões de brasileiros, espíritas ou não, foram atraídos aos cinemas. O filme “Nosso Lar” ultrapassou a casa dos 2.000.000 de espectadores em cerca de duas semanas de exibição. Um sucesso absoluto. Recorde nacional.






O Ministério da Cultura decidiu abrir uma votação pública para a escolha do filme brasileiro a ser indicado para concorrer ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2011. O internauta poderia opinar na escolha do longa metragem que representaria o Brasil em Hollywood.






O ganhador em indicações foi o filme com tema espírita “Nosso Lar”, com 88.894 indicações (70%) para ser indicado ao Oscar como representante do Brasil. O filme “Lula, filho do Brasil”, com apenas 1.646 votos (1%) foi um dos que recebeu menos indicações por parte dos internautas no site oficial do Ministério.






A garantia do Ministério da Cultura, contudo, de levar em consideração a opinião popular não foi cumprida: neste último dia 23 de setembro, quinta-feira, a Comissão de Seleção Oficial do Oscar de sua Pasta escolheu o filme “Lula, o Filho do Brasil”, filme que teve apenas 1% dos votos do público.






Senhor Ministro, a Comissão de Seleção Oficial do Oscar do Ministério da Cultura cometeu várias injustiças.






Injustiça com 70% dos internautas que acessaram o site de sua Pasta e que indicaram o filme com tema espírita “Nosso Lar” para concorrer ao Oscar.






Injustiça com os profissionais que atuam na indústria cinematográfica brasileira.






Injustiça em utilizar critérios políticos, ao em vez de meritórios.






E sobretudo, a Comissão de Seleção Oficial do Oscar do Ministério da Cultura cometeu um gravíssimo desrespeito aos que acreditavam que a Cultura nacional, quando recebesse atenção do governo, seria preservada de influências político-partidárias.






Senhor Ministro, intervenha na estapafúrdia e desrespeitosa decisão da Comissão de Seleção Oficial do Oscar instituída pelo no seu Ministério. Aja contra essa injustiça, para que Vossa Excelência também não se torne um injusto.






Nossa indignação não é motivada pela nossa fé. É motivada por vermos critérios políticos esmagarem o trabalho profissional dos responsáveis pelo “Nosso Lar”. Por esmagarem a vontade da maioria da população. Por esmagarem a honestidade e o bem.






Não permita, Senhor Ministro, que essa injustiça de se preterir um sucesso autêntico de bilheteria, semeie no coração de todos nós a crença de que de nada vale o talento. Essa decisão apequena seu trabalho e mancha sua reputação.






Lembrando o espírito São Luis: “calar diante dos erros quando se pode ajudar é omissão. Silenciar diante do mal é compactuar com ele”.






Atenciosamente






ÁTILA NUNES NETO

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

1º Ano de luta


Neste dia agradeço a alegria das beijadas, a fartura de Oxóssi e a abertura de caminhos de Zé Pilintra, por estarmos comemorando o nosso primeiro ano de luta, batalhas, mas com muito axé, amizade e companherismo.
Agradeço aos filhos e amigos pelo empenho dedicado ao crescimento dessa casa, nossas portas mesmo não estando pronta ainda, mas sempre vai estar aberta à todos que a procurem.
Que todos aqueles que a procurem possam levar o axé em dobro que trouxerem.
Salve Uni de beijada, Okê Arô, Motumba e muito axé a todos.
Obrigado,
Babalorixá Danilo d'Odê.

domingo, 26 de setembro de 2010

OBRAS 26-09

 







Salve os Erês !!!

As Entidades Espirituais que incorporam em nossos terreiros de Umbanda com o arquétipo infantil e que formam a Linhas das Crianças, Erês ou Ibejada são representantes da alegria, da sinceridade, da inocência e de tudo que é puro, no entanto, essa Linha, e toda sua potência, é pouco conhecida pelos próprios umbandistas que, na maioria das vezes, só as veem como crianças peraltas ou submissas. Consequentemente os trabalhos religiosos com essa Linha ficam cada vez mais distantes dos terreiros ou ainda ligadas somente ao sentido da festa, das guloseimas, da bagunça e da extravagância em todos os sentidos.
Na realidade essas Entidades são Seres Espirituais mestres nos conceitos do Bem e do Puro e muito ajudam para evolução moral dos médiuns ensinando que a única forma de se levar vantagem é sendo puro, como é a criança, também não admitem a mentira nem  a maldade. Os filhos de Ogum, como também são conhecidos, têm a presença mais alegre da Umbanda, trazendo sempre renovações e esperança, reforçando a natureza pura e ingênua dos seres humanos. É a linha que mais cativa as pessoas pelo ar inocente que traz na face do médium.
Saiba que é brincando e rindo que efetuam maravilhosos trabalhos de descarga fluídica, aliás, é no sacudir dos braços e pernas que atiram seus fluidos naturais afastando, assim, espíritos de baixa vibração que estejam prejudicando as pessoas. Com esses movimentos também desagregam energias densas enraizadas no corpo astral e áurico que proporcionam doenças no corpo e na alma.
A fala com as ‘Crianças’ é sempre cheia de brincadeiras e de “ingenuidade”, no entanto são profundas, sábias e altamente reveladoras, mesmo porque o que mais estimulam em nós é o autoconhecimento. Além disso, uma das suas maiores capacidades é nos fazer rir e é nesse riso contagiante que “eles” curam  nossas amarguras.
As ‘Crianças’ gostam de sentar no chão, junto à terra, fonte de energia transmutadora e curadora, suas preces são cantadas em melodias alegres fazendo referência a Papai e Mamãe do Céu e em mantos sagrados. Seus pontos riscados são curtos e bastante cruzados pela Flecha, Coração, Chave e Raiz … são verdadeiros Magos Naturais. Quem já não ouviu a frase: “O que os Filhos das Trevas fazem, qualquer criança desfaz. O que a criança faz (no sentido do Bem, é claro) ninguém desfaz ou interfere”.
A festa das Crianças na Umbanda, conhecida como Festa de São Cosme, Damião e Doun, tem duração de um mês, iniciando em 27 de setembro (Cosme e Damião) e terminando em 25 de outubro (Crispim e Crispiniano).
Aproveite o dia, a energia, a vibração e todo o entusiasmo dessas maravilhosas Entidades, de uma pausa para pensar, abrir o coração e entenda, embora de forma simples e pura, as profundas e sábias mensagens desses verdadeiros SÁBIOS – Senhores da Pureza Cósmica.  Aproveite também e determine algo especial para você. Determine que seu lado infantil e puro sempre influencie suas decisões e seus relacionamentos.
E, se for à uma festa de Cosme e Damião em um Terreiro de Umbanda, aproveite ao maximo a oportunidade e todos os ensinamentos e leve para casa, além dos doces e bolos, o exemplo de alegria dessa encantadora falange de Yori!
Salve as Crianças! Salve os Erês!
Salve Cosme e Damião!
Salve Oni beijada!
YORI: um dos raros termos sagrados que se manteve sem nenhuma alteração. Esse termo, assim como Yorimá, era de pleno conhecimento da pura Raça Vermelha, só se apagando do mental do Ser humano após a catástrofe da Atlântida. Ele ressurgiu através do Movimento Umbandista, em sua mais alta pureza e expressão. Traduzindo este vocábulo através do alfabeto Adâmico, temos: A Potência Divina Manifestando-se; A Potência dos Puros.
BEIJADA: Nome dado no Brasil, às entidades que se apresentam sob a forma de crianças. São, conforme a crença geral, nos cultos afro-brasileiros e na Umbanda, as falanges dos Orixás gêmeos africanos IBEJIS
IBEJI : (ib: “nascer”; eji: “dois”) Orixás gêmeos africanos que correspondem, no sincretismo afro-brasileiro, aos santos católicos Cosme e Damião. Ibeji na nação Keto, ou Vunji nas nações Angola e Congo.
DOIS DOIS: Nome pela qual são designados os santos católicos Crispim e Crispiniano; os santos Cosme e Damião; o Orixá africano IBEJI e a falange das crianças na Umbanda.
ERÊ: Vem do yorubá iré que significa “brincadeira, divertimento”. Existe uma confusão latente entre o Orixá Ibeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade. Ibeji, são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião. Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são Guias ou Entidades de caráter infantil que incorporam na Umbanda.

A árvore da vitalidade: o guaraná
Aguiri, menino da tribo Sateré-Maué da área cultural do Tapajós-Madeira, tinha os olhos mais lindos e espertos que jamais se vira naquela região. Os pais agradeciam frequentemente ao Grande Espírito por essa graça singular. Muitas mães pediam ao céu que fizesse nascer também para elas um filho com olhos tão bonitos.
Aguiri se alimentava de frutas que colhia da floresta em cestos que sua mãe lhe fazia e gostava de partilhá-las com outros coleguinhas de jogos.
Certa feita, o menino dos olhos lindos distraiu-se na colheita das frutas, indo de árvore em árvore até afastar-se muito da maloca. Aí percebeu, com tristeza, que o sol já transmontara e que se fazia escuro na floresta.
Não achando mais o caminho de volta, decidiu então dormir no oco de uma grande árvore, protegido dos animais noturnos e perigosos. Mas não estava a salvo do temido Jurupari, um espírito malfazejo que vaga pela floresta, ameaçando quem anda sozinho. Ele também se alimenta de frutas. Mas tem o corpo peludo de morcego e o bico adunco de coruja.
Jurupari sentiu a presença de Aguiri e, sem maiores dificuldades, o localizou no oco da grande árvore. Atacou-o de pronto, sem permitir que pudesse esboçar qualquer defesa.
De noite, os pais e todas as mães que admiravam Aguiri ficaram cheios de preocupação. Ninguém conseguiu pregar o olho. Mal o sol raiou, os homens saíram pela mata afora em busca do menino. Depois de muito vaguear daqui e dali, finalmente encontraram seu cesto, cheio de frutas que ficaram intocadas. E no oco da grande árvore deram com o corpo já frio de Aguiri. Havia sido morto pelo terrível Jurupari, o espírito malfazejo.
Foi um lamento só. Especialmente choravam os curumins, seus colegas de folguedos. Ficaram inconsoláveis. Eis que se ouviu no céu um grande trovão e um raio iluminou o corpo de Aguiri. Todos gritaram: – É Tupã que se apiedou de nós. Ele vai nos devolver o menino.
Nisso se ouviu uma voz do céu, que dizia suavemente: – Tomem os olhos de Aguiri e os plantem ao pé de uma árvore seca. Reguem esses olhos com as lágrimas dos coleguinhas. Elas farão germinar uma planta que trará felicidade a todos. Quem provar o seu suco, sentirá as energias renovadas e se encherá de entusiasmo para manter-se desperto e poder trabalhar incansavelmente. E assim foi feito.
Tempos depois, nasceu uma árvore, cujos frutos tinham forma dos olhos bonitos e espertos de Aguiri. Fazendo do fruto um suco delicioso, todos da tribo sentiram grande energia e excitação.
Deram, então, àquela fruta, em homenagem ao curumim Aguiri, o nome de Guaraná, que em língua tupi significa “árvore da vida e da vitalidade”.
E até os dias de hoje se toma Guaraná em muitos lugares do mundo, comprovando ser um dos mais saborosos sucos extraídos de sementes que existem na natureza e um revitalizador incomparável das energias vitais.
Retirado do livro “O Casamento entre o céu e a terra” de Leonardo Boff

Escrito por Mãe Mônica Caraccio
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SEU 7 ENCRUZILHADAS

Como todos sabem exu sempre foi ranzinza e encrenqueiro, adorava provocar confusões e fazia brincadeiras que deixavam a todos confusos e irritados.
Certa manhã acordou desalentado, afinal quem era ele?
Não fazia nada, não tinha poder algum, perambulava pelo mundo sem ter qualquer motivação. Isso não estava correto.
Todos os orixás trabalhavam muito e tinham seus campos de atuação bem definidos e para ele nada fora reservado.
Essa injustiça ele não iria tolerar.
Arrumou um pequeno alforje e colocou o pé no mundo.
Iria até o Orun exigir explicações.
Depois de muito andar, finalmente chegou ao palácio de Olorun.
Tudo fechado.
Dirigiu-se aos guardas do portão e exigiu uma audiência com o soberano.
Eles riram muito.
Quem era aquele infeliz para vir ali e exigir qualquer coisa.
Exu ficou enfurecido nem os guardas daquela porcaria de palácio o respeitavam.
Passou então a gritar impropérios contra o grande criador.
Imediatamente foi preso e jogado em uma cela onde ficou imaginando como sair daquela situação.
Já estava arrependido de ter vindo, mas não daria o braço a torcer.
Iniciou novamente a gritaria e tanto barulho fez que Olorun decidisse falar com ele.
Exu explicou o que o trazia ali, falou da injustiça que se achava vitima e exigiu uma compensação.
Pacientemente o pai da criação explicou que todos os orixás eram sérios e compenetrados, mas que ele, Exu, só queria saber de confusões e brincadeiras.
Então como ousava tentar se igualar aos companheiros?
Que fosse embora e não o aborrecesse mais.
Era assim?
Não prestava para nada?
Era guerra?
Resolveu fazer o que mais sabia.
Comer!
Todos sabiam de sua fome incontrolável desde o nascimento.
Desceu do Orun e começou a atacar os reinos dos orixás.
Comeu as matas de Oxóssi.
Bebeu os rios de Oxum.
Palitou os dentes com os raios de Xangô.
O mar de Iemanjá era muito grande e ele foi bebendo aos poucos.
A terra tornou-se árida e prestes a acabar.
Por conta disso todos os orixás correram ao palácio em completo desespero.
Exu imediatamente foi preso e arrastado novamente até o Orun, desta vez, porém, sentia-se vitorioso.
Exigiu ser tratado com respeito e assumir um lugar no panteão divino.
Se assim não fosse, nada devolveria e comeria o restante do mundo.
Foi feita então uma reunião para se resolver o grande problema.
Olorun não poderia julgar sozinho, todos que ali estavam tinham muito a perder.
Depois de muita discussão chegaram a um consenso.
Exu seria o mensageiro de todos eles, o contato terreno entre os homens e os deuses.
Ele gostou, mas ainda perguntou:
- E vou morrer de fome?
- Nova discussão.
Decidiram então que todos os orixás que recebessem oferendas entregariam uma parte a ele.
Exu saiu satisfeito, agora sim tinha a importância que merecia, desceu cantarolando e devolvendo pelo caminho tudo que tinha comido.
E a paz voltou a terra, mas ficou o recado: Com Exu ninguém pode!
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ORAÇÃO AO SETE ENCRUZILHADAS
Saravá Santo Ântonio de Pemba!
Saravá à força do Sete!
Saravá à todos os Exus!
Ajoelhado aos teus pés,
estou rogando que me escute no sopro dos sete ventos,
meu grande Exú Sete Encruzilhadas.
Com a força do teu garfo que carregas nas costas e da cruz do teu peito,
eu humildemente peço que tenhas vidência das dores que trago no peito aflito.
Sete Encruzilhadas Exú dos sete caminhos,
senhor rei das Sete Encruzilhadas de fé,
sepulte nas sete catacumbas os nossos problemas e tristezas.
És um lindo homem,
um cavalheiro, andas descalço com tua linda capa de veludo,
a gargalhar pela noite, venceste sete guerras,
vença pelo menos uma para mim,
se eu merecer pois estou em desespero.
Sete Encruzilhadas,
conheces as dores e angústias do mundo onde tu vivestes,
amaste,
sofreste e foste humilhado,
mas hoje carrega a Coroa dos infelizes
e essa coroa quem te deu foi a misericórdia de pai Oxalá,
nos pés de pai Olorum.
Sete Encruzilhadas,
coloque debaixo de teu pé esquerdo o nome dos meus inimigos,
livrando-me das invejas,
calúnias e dos olhos grandes.
põe no meu coração o perdão e a justiça,
para me reconhecer e me corrigir das minhas faltas.
Lindo homem de cabelos negros e olhos de cristal,
perfuma a minha vida com o perfume das sete rosas vermelhas.
Atenda meu pedido, te imploro Sete Encruzilhadas pois sei que os teus protegidos, tu jamais desampara.
Rei dos sete mistérios, carregas as sete chaves do destino,
abra os meus caminhos e me faça feliz,
pois contarei sempre com a sua proteção,
agora e em todas as horas de aflição.
Saravá Sete Encruzilhadas
27 de Setembro - Salve Cosme e Damião
São Cosme e Damião, os santos gêmeos, nasceram na Arábia, no século III, filhos de uma família nobre. Estudaram medicina na Síria e depois foram praticá-la em Egéia. Circunstancialmente entraram em contato com o Cristianismo, tornando-se fervorosos seguidores do cristianismo.
Confiando sempre no poder da oração e na confiança da providência divina usaram sua arte médica para curar os necessitados. Não cobravam por seus serviços médicos, e por esse motivo eram chamados de "anárgiros", ou seja, aqueles que "não são comprados por dinheiro". O seu objetivo principal era a conversão dos pagãos à fé cristã, o que bem faziam através da prática da medicina. Desta forma, conseguiram plantar em terra fértil a semente cristã em muitos corações, sendo numerosas as conversões.
Cosme e Damião viveram alguns anos como médicos e missionários na Ásia Menor. As atividades cristãs dos médicos gêmeos chamaram a atenção das autoridades locais da época, justamente quando o Imperador romano, Diocleciano, autoriza a perseguição aos cristãos, por volta do ano 300. Por pregarem o cristianismo em detrimento dos deuses pagãos, foram presos e levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, São Cosme e São Damião responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder". Recusando-se adorar os deuses pagãos, apesar das ameaças de serem torturados, disseram ao governador que os seus deuses pagãos não tinham poder algum sobre eles, e que eles só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra“!
Por não renunciarem aos princípios religiosos cristãos sofreram terríveis torturas; porém, elas foram inúteis contra os santos gêmeos, e, em 303, o Imperador decretou que fossem decapitados. Cosme e Damião foram martirizados no ano de 303, na Egéia. Seus restos mortais foram transportados para a cidade de Cira, na Síria, e depositados numa igreja a eles consagrada. No século VI uma parte das relíquias foi levada para Roma e depositada na igreja que adotou o nome dos santos. Outra parte dela foi guardada no altar-mor da igreja de São Miguel, em Munique, na Baviera. Os santos gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente Itália, França, Espanha e Portugal. Em 1530, na cidade de Igaraçu, em Pernambuco, foi construída uma igreja em sua homenagem.
São Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência também são invocados como protetores das crianças.
Como acontece com tantos outros santos, a vida dos santos gêmeos está mergulhada em lendas misturadas à história real. Segundo algumas fontes eles eram árabes e viveram na Silícia, às margens do Mediterrâneo, por volta do ano 283. Praticavam a medicina e curavam pessoas e animais, sem nunca cobrar nada.
O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século 5, que relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.
Aqui no Brasil, a devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixás-meninos (Ibjis ou Erês) da tradição africana yoruba. São Cosme e São Damião, os santos mabaças ou gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27. No dia 27 as crianças saem às ruas para pedir doces e esmolas em nome dos santos e, as famílias aproveitam para fazer um grande almoço, servindo a comida típica da data: o chamado caruru dos meninos.
Segundo a lenda africana, os orixás-crianças são filhos de Iemanjá, a rainha das águas e de Oxalá, o pai de toda a criação. Outras tradições atribuem a paternidade dos mabaças (gêmeos) a Xangô, tanto que a comida servida aos Ibejís ou Erês, chamados também carinhosamente de “crianças” é a mesma que é oferecida a Xangô, o senhor dos raios, o caruru. Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7) anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Junto com o caruru são servidas também as comidas de cada orixá, e enquanto as crianças se deliciam com a iguaria sagrada, à sua volta, os adultos cantam cânticos sagrados (oríns) aos orixás.
Oração a São Cosme e Damião
Ó Deus menino, que crescestes em sabedoria e graça com Maria e José. Pela intercessão de São Cosme e São Damião, abençoa os meus filhos, irmãos, parentes e vizinhos. (lembre o nome da criança que está precisando de orações)
Que o sangue destes Mártires, servos da Santíssima Trindade lave os meus pecados e purifique todo o meu ser.
Ajudai-me a crescer em solidariedade, compaixão e misericórdia para com o meu próximo mais próximo, a exemplo de São Cosme e Damião, Missionários e defensores da vida em plenitude.
Por Cristo Senhor Nosso.
Amém.

Uni de Beijada!!!! Salve São Cosme e Damião



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O MÉDIUM

 
O médium é o Office boy da espiritualidade e existem muitos.



Uns trabalham nas empresas de luz e trazem as respectivas mensagens, outras trabalham nas empresas da escuridão e também respectivamente as trazem travestidos de líderes espirituais com objetivos materiais negros.



O médium consciente sabe que é médium, é mais lúcido, reconhece e admite a presença dos amigos espirituais e se assume médium mesmo perante a crítica dos fundamentalistas "espumantes" que são capazes de morder a própria língua para ofender e perpetrar àqueles que não comungam com as suas idéias estreitas.



O médium é a última milha do telefone sem fio interdimensional. O que antes fez como brincadeira de criança hoje faz como responsabilidade de adulto.



O médium não é evoluído e nem melhor, aliás muito pelo contrário, a mediunidade na maioria das vezes é apenas oportunidade kármica (dharma) de resgatar os erros do passado que pode se manifestar como fardo, como bênção ou como ambos dependendo da situação e "n" variáveis conscienciais intervenientes.



Cada médium tem um trabalho, uma tarefa ou obrigação consciencial que lhe foi gentilmente cedido pelo Alto face a seu arrependimento e vontade de mudar, mas muitos "perecem" no meio do caminho e se atolam na repetição de erros do passado. Outros tantos se estagnam e efetuam pequena fração de suas tarefas que antes tanto se entusiasmaram por fazer acreditando que seria fácil.



A mediunidade não é brincadeira, é tarefa séria e de alta responsabilidade que independe de hora, idade, local, doutrina, religião, intelectualidade ou situação financeira.



Cada médium programou para si adstrito a orientação de seus mentores e que seria melhor para si dentro do contexto evolutivo.



Mediunidade não é tarefa para os fracos e covardes, mas para os abnegados e persistentes. O Alto necessita de cada alma que se dispõe a retornar ao bem e a assumir sua tarefa de minipeça cósmica consciente frente ao Universo regido pelas leis de Deus.



A mediunidade é uma associação de vontade mais talento mais oportunidade mais responsabilidade mais renúncia a fim de ajudar a muitos outros para no fim estar ajudando mais a si próprio.



O médium vaidoso só o é porque não é lúcido e não se lembra, ou melhor, não deseja se lembrar dos erros do passado e hoje custa a admitir que sua mediunidade-trabalho-tarefa-obrigação foi implorada por ele ao Alto no período intermissivo.



Ser médium não é bonito e nem vantagem, mas é obrigação por opção voluntária endossada pelo Alto ao fim de autoburilar a conduta íntima, quitar karma no atacado, superar um novo degrau nesta íngrime escalada evolutiva da vida.



Deus não joga dados e a vida não é brincadeira, muito menos o trabalho e a mediunidade. O amor é um direito de todas as criaturas e nos parece que não temos outra opção senão ter coragem de enfrentá-lo.



Dá trabalho? Sim!



Mas ser feliz é um trabalho que compensa.



Não existe fuga para você, tu sejas médium ou não.



O médium pulou de pára-quedas no meio guerra, admitiu a auto-luta em princípio a pôs a cara a tapa na reencarnação a que se propôs e no meio do caminho não há como desistir. É como uma represa que ruiu, nada segura a força da água e nada segura o fluxo de energias conscienciais na vida dos seres.



Aos médiuns nós sugerimos, abandonem as brincadeiras irresponsáveis e assumam seus serviços, nós precisamos de vocês. Percam a vergonha de assumir sua mediunidade tanto na frente dos ignorantes tridimensionais, como aos invejosos espiritualistas ou aos parapsiquistas multidimensionais e confiem em si.



Auto-estima para o médium é fundamental, mas sem vaidade. Não respondam as críticas maldosas, elas merecem ser desprezadas, a melhor resposta é o resultado de seu trabalho que só irá obter trabalhando.



Mãos a obra, a espiritualidade não dorme!



Recebido espiritualmente por Dalton em 04/09/2002 em Curitiba


Texto recolhido de Listas de Umbanda na NET.

NEGRO

ALMAS E ANGOLA

SEI QUE JÁ POSTEI AQUI COMO É NOSSO RITUAL.
MAIS COMO MUITAS PESSOAS TEM MANDADO MENSAGENS PEDINDO ESCLARECIMENTOS
VAMOS LÁ:

O ritual Almas e Angola se constitui no ritual umbandista da atualidade com fortes raízes africanas da região de Angola e severos preceitos influenciados pela doutrina iorubana (Kêto e Nagô), também originária da África.
Na verdade, o objetivo final de toda e qualquer religião é o desenvolvimento das faculdades mediúnicas inerentes a todo ser humano e o Almas e Angola segue este rumo. O homem, desde seu surgimento na terra, necessita de uma auto afirmação para se entender e entender a vida como um todo. Encontrar explicações para a sua existência e seu dia a dia até o seu desencarne. Os mistérios são muitos e as religiões tentam explicar um a um, cada uma a seu modo com seus dogmas e preceitos.
O ritual Almas e Angola busca estas afirmações nas lendas dos orixás africanos mesclada com a historia dos santos católicos.
Através desta mitologia o médium, agora chamado de filho de santo, procura se conhecer e chegar as suas conclusões a respeito de tudo o que o envolve e o influencia e também como ele pode influenciar no seu destino.
A metodologia ritualística do Almas e Angola se resume em fazer renascer, firmar, desenvolver e aperfeiçoar o orixá que está dentro de nós (o nosso Anjo da Guarda). Isso se faz no decorrer do desenvolvimento das faculdades mediúnicas onde o filho de santo galga os sete passos em direção ao assentamento de seu orixá em seu ori (palavra nagô que significa cabeça, chacra coronário ou coroa).
:: Os sete graus de iniciação ritualísticas ::
Batismo ou confirmação de Batismo;
Bori (dar de comida à cabeça);
Pai ou Mãe Pequena;
Babalaorixá ou Ialorixá;
Reforço de 7 anos;
Reforço de 14 anos;
Reforço de 21 anos;
O RITUAL
O ritual Almas e Angola se constitui numa seita onde se cultua os Orixás (forças da natureza que influenciam o homem e seu ambiente). A forma do culto aos Orixás está ligada à mitologia africana, mais precisamente da região de Angola, embora a nomenclatura usada nesse ritual tem muita influência da região de Iorubá (Kêto e Nagô). A própria palavra Orixá é um exemplo disso.
Segundo a mitologia, Orixá é uma força energética da natureza que influencia e comanda os caminhos do homem e do seu meio ambiente. Cada indivíduo tem o seu Orixá que o protege, orienta e, às vezes castiga, porém, este na verdade, só se manifesta na prática de incorporação (toma o filho) em situações muito especiais como durante a camarinha (feitura do santo).
O Almas e Angola nesse aspecto se assemelha ao Candomblé, quando o filho de santo é recolhido no terreiro e fica determinado tempo para as práticas de feitura de seu Orixá que é culminada com a apresentação desse Orixá ao meio umbandista na Saída de Camarinha, uma festa tradicional e muito conceituada entre os praticantes dessa religião.
Almas são espíritos desencarnados, geralmente nossos ancestrais familiares ou não, que incorporam no filho de santo para as práticas características da Umbanda, isto é, os passes, consultas, rezas, mirongas, trabalhos, descarregos, etc. Sua apresentação são de pretos-velhos (antigos escravos) que simbolizam a humildade perante o sofrimento, os caboclos (índios nativos do Brasil) que representam a luta contra os obsessores e a cura pelas plantas e os exus (espíritos de qualquer natureza) que se caracterizam pela irrascividade, alegria, descontração mas que detém o poder da magia.
Assim uma definição do ritual Almas e Angola seria pelo menos desastrosa, pois muitos são os ramos que contribuíram para a sua formação e vários são os mistérios que envolvem essa prática. Só mesmo os praticantes tem condições de avaliar a profundeza de conceituação e o fundamento do ritual Almas e Angola.
TERREIROS DE ALMAS E ANGOLA
Qualquer terreiro de Umbanda que cultua o ritual Almas e Angola deverá ter certas particularidades físicas e ritualísticas. Logicamente a estrutura ritualística desses terreiros não pode ser revelada ao grande público por se tratar de um dogma religioso de grande fundamento e é proibido revela-los a leigos.
Entretanto para se identificar um terreiro de Almas e Angola basta observar sua estrutura física, seu ambiente, que basicamente assim se constitui:
À entrada existe um local de proteção espiritual chamado tranqueira onde se encontra firmado o povo de esquerda para dar segurança espiritual aos trabalhos. Também à entrada existem dois recintos, separados do corpo da construção, chamados o primeiro de Cangira ou Casa de Exú onde estão os fundamentos dessas entidades, a segunda chamada de Casa das Almas, local destinado aos Pretos Velhos e os fundamentos das almas.
O terreiro, propriamente dito é um salão de tamanho variável com separações bem definidas e entendidas por todos os conhecedores do ritual. Nele há o Congá ou Gungá com os santos católicos sincretizando os orixás africanos, de cada lado existem duas peças de tamanho suficiente para uma pessoa deitar, chamadas Camarinha, onde os filhos são recolhidos para o ritual de feitura de santo, o salão de gira onde ocorre a manifestação dos orixás, o local para os Ogãs e o local para os assistentes. Anexo há a Cozinha de Santo e a Sala dos Cambones e Sambas. Também há vestiários e sanitários. Em alguns terreiros há o Quarto de Santo onde são guardados os preceitos e fundamentos do ritual.
No congá ou altar a posição dos orixás varia muito pouco de um terreiro para o outro, porém três orixás têm seu lugar definido em todos eles. Oxalá ocupa o lugar de destaque, no alto e no centro do congá. Embaixo e à direita é o local de Bejada e à esquerda fica Obaluaê. Um quarto orixá, Nanã, quando esta não é orixá dona da casa, deve ser posicionado aos pés de Oxalá. Os orixás donos da casa de santo ficam à direita e à esquerda, um pouco abaixo de Oxalá. À direita deve ficar o orixá dono do ori do zelador da casa (Pai ou Mãe de Santo). Os outros orixás são posicionados entre os orixás acima conforme a hierarquia do dono do terreiro.
No salão de gira existem sinais cabalísticos do Almas e Angola representado por uma estrela de cinco pontas circulada por dois círculos de forças, um voltilhando as pontas trazendo as forças astrais de Oxalá para o mundo que é simbolizado por um circulo menor centralizado na estrela. Ao meio uma cruz simbolizando a fé de todos os filhos em Oxalá. A estrela de cinco pontas também simboliza o homem de braços e pernas abertos, prostrado com a cabeça no chão, aos pés de Oxalá, implorando misericórdia. As cores variam conforme o orixá mandante na casa.
Nos quatro cantos existem cruzes brancas simbolizando os quatro cantos do mundo ou do universo representando os orixás guardiões da casa de santo.
SESSÕES
No ritual Almas e Angola existem pelo menos quatro tipos de sessões (reuniões espirituais) também chamadas de gira. São elas: sessão de caridade com passes, rezas e consultas, sessão de desenvolvimento onde a assistência não é permitida, sessão ritualística ou de feitura de santo (camarinha) e sessão festiva devotada a um determinado Orixá.
Em todas elas existem características comuns que são a abertura e o desenvolvimento propriamente dito.
Na abertura, após a corrente mediúnica realizar o cruzamento do terreiro saudando os Orixás da casa há o ritual de bater cabeça para o Pai de Santo e saudar a hierarquia da casa, ou seja, os filhos de santo coroados, cambones e ogâs.
Após realiza-se a defumação do ambiente, dos médiuns e da assistência, ao som dos atabaques e de pontos cantados acompanhados de palmas rítmicas.
Terminada a defumação canta-se saudando as Almas com três pontos e mais três para saudar Exu. Em seguida, todos de joelhos e a assistência de pé, dá-se a abertura propriamente dita com palavras ditas pelo Pai de Santo, rezando o Pai Nosso e a Ave Maria (catolicismo!!!). Uma prática em todos os terreiros de Almas e Angola, nesse momento, é a saudação a São Miguel Arcanjo, santo católico sincretizado ora como Xangô Aganjú, ora como Obaluaê e alguns até como Ogum. A razão dessa saudação é que ao Arcanjo Miguel (santo católico) se atribui a responsabilidade de receber as almas desencarnadas (nossos ancestrais). É portanto, o Senhor das Almas.
Saúda-se, então os Anjos de Guarda, quando se pede firmeza para nossos Orixás e fluídos positivos para uma boa gira, cantando um ponto de louvação a todos os Anjos de Guarda.
Logo em seguida saúda-se com três pontos cantados a coroa de Babá (Babalaorixá, Ialorixá dona do terreiro e os filhos de santo coroados).
Em sessões festivas canta-se nessa hora o Hino da Umbanda. Daí para frente ocorre uma modificação da ritualística conforme o dia da semana. No Almas e Angola geralmente se pratica três sessões por semana (Umbanda!!!). Na segunda-feira ocorre a gira de preto-velho, na quarta-feira realiza-se sessão de desenvolvimento e na sexta-feira faz-se ou gira de caboclo, gira de exu ou de bejada. As sessões festivas são geralmente realizadas aos sábados, assim como as Saídas de Camarinha. Hoje já há terreiros que reduziram as giras para uma vez na semana alterando as práticas realizadas.
Nas giras de preto-velho, independente do dia da semana são sempre cultuados os Orixás Obaluaê, Nanã e Xangô, quando ocorre a sua manifestação na cabeça dos seus filhos. Nas giras de caboclo, bejada e exú os Orixás chamados são Ogum, Oxum, Iemanjá e Iansã. A ordem de chegada de cada um depende dos Orixás responsáveis pelo terreiro. A gira de exu por ser geralmente longa, se admite somente saudar os Orixás da casa, necessitando porém a realização de obrigações para se obter uma perfeita harmonia do ambiente e conseqüente sucesso da gira.
Após a saudação e chegada dos Orixás, cuja missão é fluidificar positivamente o ambiente e os filhos de santo, dá-se um intervalo para descanso dos médiuns e para a troca de vestimenta característica da entidade que vai trabalhar. Então são chamados os pretos-velhos, caboclos, exus ou bejadas conforme o caso.
Os trabalhos são encerrados pelo Pai de Santo agradecendo as boas vibrações dos Orixás e a presença de todas as entidades. Os filhos de santo fazem novamente o cruzamento do terreiro e batem cabeça para o Pai de Santo como no início dos trabalhos.
CAMARINHA
Tradicionalmente no ritual Almas e Angola o termo camarinha se refere a dois recintos situados em ambos os lados do congá com medidas variáveis, via de regra com um metro de largura por dois metros de comprimento cada, destinado ao recolhimento do filho de santo quando de suas obrigações de feitura de santo.
O termo também é usado, por extensão, a todo o processo de feitura de santo que inicia-se num domingo de lua nova, quando o Pai de Santo leva seu iniciado à cachoeira para os trabalhos ritualísticos que antecedem as obrigações. De volta ao terreiro o iniciado é recolhido à camarinha passando por atividades ritualísticas, obrigações e preceitos realizados dia a dia numa ordem cronológica, rígida e fundamentada nos ensinamentos ditados pelos baluartes desse maravilhoso ritual, culminando com a chamada Saída de Camarinha, realizada sempre no sábado seguinte. É uma sessão festiva na qual o recém coroado é apresentado, com grande orgulho pelo Pai de Santo, à comunidade de Almas e Angola. Nesse dia vários terreiros são convidados para prestigiar o recém coroado e receber axé do Orixá dono da festa. A camarinha encerra-se uma semana após com os despachos das obrigações realizadas durante a semana.
A camarinha, como ritual, é o ponto máximo do Almas e Angola, pois é nessa época que o terreiro se reveste de grande axé, energia espiritual, pois é sinal de que um filho de santo estará alcançando mais um grau evolutivo dentro do ritual e será coroado ou como Pai (Mãe) Pequenos ou Ialorixá ou Babalaorixá. Os filhos de santo da casa fazem reuniões com o Pai de Santo preparando-se espiritual e materialmente para a semana. Há médiuns que, como o Pai de Santo permanecem dentro do terreiro vinte e quatro horas com o iniciado, participando ativamente desse sacrifício aos orixás. Forma-se um grande família, cada um com seus afazeres materiais ou espirituais.
A camarinha só pode ser assistida pelos filhos de santo, médiuns de outros terreiros de Almas e Angola e parentes próximos ao iniciado. Os rituais de preceitos e coroações só podem ser assistidos por médiuns designados pelo Pai de Santo. A assistência de leigos só é permitida na Saída de Camarinha.
Logicamente não somos permitidos, por força dos dogmas do ritual, pormenorizar uma camarinha, mas em termos gerais ela se procede da seguinte maneira:
Domingo – o iniciado é levado à cachoeira:
Segunda-feira – obrigações para o povo de exú e almas e recolhimento à camarinha do iniciado a coroa maior (Babalaorixá ou Ialorixá);
Terça-feira – realização dos preceitos do iniciado à coroa maior e recolhimento à camarinha ao iniciado a Pai (Mãe) Pequenos:
Quarta-feira – obrigação aos orixás, coroação dos iniciados recolhidos e recolhimento do iniciados a Oborí. Estes últimos são recolhidos no recinto do terreiro e não no recinto denominado camarinha;
Quinta-feira – realização dos preceitos dos iniciados a Oborí;
Sexta-feira – obrigação das comidas de santo e obori (dar de comida à cabeça) de todos os filhos recolhidos. Caso haja neófitos na corrente é nesse dia que são batizados;
Sábado – Saída de camarinha;
Domingo – Despacho das obrigações.
QUARESMA E AMACY
A quaresma é um período em que os católicos se submetem a um recolhimento espiritual simbolizado por diversas proibições e sacrifícios para lembrar as tentações vividas por Jesus Cristo que culminaram com sua crucificação na Sexta-feira santa. Inicia no carnaval e termina no Sábado de Aleluia.
Também no Almas e Angola considera-se esta uma época sagrada. Nesse período orixás não dão incorporação nos médiuns. Somente os pretos-velhos e exús podem dar incorporação. Em alguns terreiros admite-se a incorporação de boiadeiros.
Como os orixás não incorporam o momento é de vigília constante, introspecção e uma ótima oportunidade para o médium refletir sobre tudo em sua vida material e espiritual. Os pretos-velhos nos ensinam o poder da humildade e os exús o poder da magia e a lei da ação e reação ou do choque de retorno.
Na Quinta-feira Santa realiza-se outro importante ritual dentro do Almas e Angola. Nesse dia os filhos de santo vão à cachoeira, antes do sol nascer, para colher ervas e água da fonte para preparação do amacy.
Também é o dia da lavagem dos santos, quando os santos católicos que representam os orixás são limpos e lavados com amacy. Após é a vez dos filhos de santo lavar sua cabeça, que é feita pelo Pai de Santo com o mesmo produto. As guias também são passadas no amacy neste dia.
A Sexta-feira Santa é dia de recolhimento total do médium. Neste dia, como em todas as sextas-feiras os filhos de santo iniciados não devem comer carne de animais de sangue quente.
No Sábado de Aleluia acontece a Festa dos Orixás, pois é nesse dia que eles retornam dando incorporação nos seus filhos.
O amacy é um conjunto de ervas ritualísticas e de fundamento religioso com as bebidas devotadas aos orixás mais água da cachoeira e pemba ralada. Cada orixá tem suas ervas sagradas.
O amacy possui grande importância na Umbanda, pois é usado para fortalecer a aura espiritual do médium, repondo as energias perdidas durante o ano de caridade e trabalhos ritualísticos.
É realizado, dentro do ritual Almas e Angola, sempre às Quintas-feiras Santa de cada ano, quando as ervas são colhidas antes do sol nascer e maceradas dentro do terreiro utilizando-se somente as mãos. Na segunda-feira seguinte o amacy é coado e envazado em garrafões de vidro. O restante das ervas, é utilizado para preparar um banho de descarga chamado anti-fluído, quando essas ervas são misturadas com álcool e sal grosso. Este banho de descarga só pode ser usado do pescoço para baixo. Ainda assim as sobras das ervas do ano anterior são secas e misturadas com as gomas de defumação (mirra, incensa, benjoim, breu) mais aniz estrelado, alfazema e alecrim secos o que dá uma ótima defumação.
OBRIGAÇÕES DO MAR E DA CACHOEIRA
Dois outros importantes rituais que todos os terreiros de Almas e Angola realizam são as obrigações de cachoeira e do mar.
A obrigação da cachoeira é realizada num sábado ou domingo próximo ao dia 08 de Dezembro, dia consagrado a Oxum, quando o Pai de Santo se dirige com seus filhos àquele local onde são realizados oferendas e obrigações a todos os orixás em agradecimento por tudo o que receberam durante o ano e para pedir forças espirituais para o ano que vai entrar.
Nesse dia também são batizados os médiuns novos e é feita a confirmação dos neófitos que foram batizados durante a camarinha daquele ano.
A obrigação do mar consiste numa sessão de orixá e exú na beira do mar, igualmente com a finalidade de buscar forças energéticas e agradecer as dádivas alcançadas durante o ano. Pedidos são feitos à Iemanjá, Rainha do Mar e colocados num barquinho de tamanho variado todo enfeitado com flores, velas, perfumes e tudo o que os orixás das águas gostam. Este barco é solto nas águas ao som dos atabaques acompanhados de fogos de artifício, palmas e grande emoção dos médiuns e assistentes.
O dia para se realizar esta obrigação é 31 de dezembro, à meia-noite, porém muitos terreiros já estão adotando outra data para tal. É o dia consagrado à Iemanjá, dois de fevereiro. Ambos são ritualisticamente aceitos.
ORIXÁS CULTUADOS
Oxalá
Ogum
Oxum
Xangô
Obaluaiê
Iemanjá
Iansã
Nanã
Oxossi
Ibeji
Exú




Axé a todos Irmãos de Fé