Católicos, muçulmanos, umbandistas e judeus defendem a liberdade religiosa.
Católicos, judeus, muçulmanos, umbandistas, índios, ciganos, candomblecistas e evangélicos se reuniram, entre fiéis de outras religiões, neste domingo (19), na orla de Copacabana, para a III Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. O objetivo é combater a intolerância religiosa.Milhares de pessoas se concentraram desde as 11h no Posto 6 e marcharam, por volta das 14h, em direção ao Leme, na Zona Sul do Rio.
O babalaô Ivanir dos Santos, que no Brasil representa a religião do candomblé, é o principal idealizador da caminhada. Segundo ele, uma das vontades do movimento é por em prática o Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que foi entregue à Presidência da República em 2008.
Ele também acredita que é preciso investimentos na educação, pois o preconceito começa já na infância. “Uma forma de combater a intolerância é combater a ignorância. É preciso medidas na educação”, disse.
Um dos objetivos dos organizadores é a aplicação da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD), tornando obrigatório o ensino de história e cultura da África e das populações negras brasileiras nas escolas do país.
Zezé Motta diz que já sofreu preconceito religioso
A atriz Zezé Motta, participante do evento, contou que sofreu preconceito religioso na infância. “Me lembro quando era pequena, minha mãe ainda era da umbanda e eu não podia falar no colégio nem com amigos que ela frequentava umbanda, senão seríamos discriminados. Essa união aqui hoje é maravilhosa, sinal de que
estamos melhorando”, disse ela.
Zezé contou ainda que foi criada em colégio kardecista, mas depois passou por outras religiões. “Quando saí de lá rodei, rodei, sempre em busca de uma relação com o divino. Passei um ano no Santo Daime. Me batizei aos 15 anos, como testemunha de jeová, tenho intimidade com o candomblé, mas voltei a ser kardecista”, declarou.
O evento é organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), que desde 2008 promove a caminhada, após uma série de casos de preconceito contra a religião. De acordo com a organização do movimento, em setembro de 2008, 20 mil pessoas participaram da marcha. Em 2009, o público foi de 80 mil pessoas.
Autoridades representantes de dezenas de religiões se reuniram para declarar o apoio à diversidade de credos.
“Nós como judeus não permitimos que haja discriminação, para que ninguém se sinta diminuído por sua crença”, afirmou a presidente da Federação Israelita do Estado do Rio, Léa Pustilnic Lozinsky.
O sheik Ahmad, representante da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio, disse que um dos motivos de estar presente na caminhada é a crença do muçulmano no diálogo religioso.
Durante o percurso são realizadas diversas atividades culturais, como shows, roda de capoeira, cirandas e dança cigana.
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