quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Guardião Serpente (Exú Serpente)
A Simbologia da Serpente
Desde os tempos mais remotos, a serpente desempenha um papel fundamental em
todas as culturas. Associada, antes de tudo, à fonte original da vida,
guarda em si grandes paradoxos, podendo significar a luz ou as trevas, o bem
ou o mal, a sabedoria ou a paixão cega, a vida ou a morte.
Entre os símbolos primordiais, a serpente é aquele que mais fortemente
encerra toda uma complexidade de arquétipos. Presente em todas as culturas,
sua imagem mitológica assume sempre um papel fundamental, associada que
está, antes de tudo, à essência primordial da natureza, à fonte original de
vida, ao princípio organizador do caos, anterior à própria Criação.
A serpente guarda em si intrigantes paradoxos: se por um lado exprime uma
ameaça (já que de seu veneno pode sobrevir a morte), por outro, resume no
processo de renovação de sua pele todo o intrincado mistério da vida, que se
atualiza em movimento rejuvenescente.
Diferentes cultos e cerimônias ritualísticas reverenciam esse réptil
sorrateiro, atribuindo-lhe as mais díspares qualidades. As serpentes podem
estar associadas a cultos solares ou lunares; a sociedades matriarcais ou
patriarcais (quando assumem valores masculinos ou femininos); podem
significar a luz ou as trevas; a vida ou a morte; o bem e o mal; a sabedoria
ou seu oposto, a paixão cega; representar o falo (por seu corpo
assemelhar-se ao bastão) ou mesmo a vulva (conforme se lhe parecem as
escamas que a recobrem, bem como o formato de sua goela quando esta se abre
para devorar sua presa). Tanto quanto as energias yin e yang expressam no
taoísmo as polaridades negativa e positiva que estão por detrás de toda
manifestação da natureza, os ofídios, miticamente, ocultam em si a síntese
dessa dicotomia universal.
Oroboro: alusão ao processo dinâmico e transformador da vida.
Uma das figuras mais intrigantes do simbolismo alquímico, presente
milenarmente em diversas culturas, é a da cobra (ou dragão) que morde o
próprio rabo e opera, num movimento circular e contínuo, todo o processo
dinâmico e transformador da vida. “Meu fim é meu começo”, diz a cobra nesse
ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada
da vida e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo. À serpente
devorando a própria cauda, os alquimistas chamaram oroboro. Tal palavra não
consta da maioria dos dicionários e, em alguns livros da Grande Obra,
aparece grafada como ouroboros, principalmente na língua inglesa.
Outras fontes, menos comumente, escrevem-na uróboro. Particularmente,
prefiro o termo oroboro, visto não ter sido nunca tão oportuno em nossa
língua nomearmos um símbolo cuja singularidade é a de não ter começo nem
fim, por meio de palavra tão especial, que pode ser lida de trás para a
frente sem prejuízo sequer de sua pronúncia, transmitindo a idéia de algo
que se expressa ciclicamente.
Etimologicamente, o termo tem curiosa explicação: óros, em grego, significa
“termo, limite”, podendo ser também “meta, regra ou definição”; borós se
traduz por boca, ou voracidade. Oroboro, então, representa aquilo que se
delimita ou se atinge pela boca, e também aquilo que se define por sua
própria função. Órobos, em grego, ainda significa “planta”, mais
especificamente a alfarroba (fruto da alfarrobeira), uma vagem de polpa doce
e nutritiva indicada no tratamento das doenças inflamatórias digestivas. O
dicionário Aurélio traz para órobo o significado de “cola”, palavra que,
além de se referir a outro tipo de árvore (a Cola acuminata), também pode
significar “cauda”, conforme certos regionalismos do Brasil. O mesmo termo é
igualmente encontrado na língua espanhola a designar o rabo dos animais.
Para orobó (só muda o acento), o Aurélio reserva o sinônimo coleira, em nova
referência à aromática árvore acima citada, cujas sementes guardam extrato
lenhoso de propriedades estimulantes, semelhantes à cafeína.
Coincidentemente, coleira é o nome dado ao colar que cinge o pescoço dos
animais, e o oroboro lembra sua forma. Além disso, nossas vísceras
intestinais assemelham-se à serpente enrolada, e o aparelho digestivo como
um todo (se tomado da boca ao ânus) bem desenha a serpente aprumada, prestes
a dar seu bote, a devorar sua presa.
Multicolorida, venenosíssima e devoradora de outros ofídios, a cobra coral
pertenceu aos magos, que receberam há muitos milênios a missão de
revitalizar no plano material a tradição do arco íris sagrado.
É um símbolo mágico, que na Umbanda está representado pela hierarquia
espiritual que atende pelo nome simbólico de: Caboclos e Exú Cobra Coral.
Dizem os magos que quando a lei solta uma de suas serpentes mágicas, nem a
própria lei consegue recolhê-la sem antes matá-la. Como a lei não mata nada,
muito menos um de seus mistérios mágicos por excelência, a coral da lei,
continua ativa.
É uma serpente (simbólica) que consegue anular a grande cobra negra sem ter
que matá-la; apenas a devora e incorpora seu veneno nas suas listas negras,
tornando-se assim, ainda mais poderosa. Todo aquele que tem uma coral à sua
direita, esta sendo amparado pela lei.
E quem a tiver pela esquerda, pela lei está sendo vigiado. Este é um
comentário simbólico.
A Serpente Dourada simboliza o saber puro, e tal como a coral, jamais foi
recolhida à faixa celestial, pois a serpente dourada (o saber) é a única que
consegue eliminar a serpente negra (a ignorância) sem sofrer qualquer
contaminação.
A serpente está presente em toda a história conhecida pelo ser humano. Na
bíblia, ela é a responsável por fazer Adão e Eva sucumbirem ao pecado.
Analogicamente, é a responsável por impor a responsabilidade aos homens e
ensinar-lhes que Deus lhes deu o livre arbítrio para escolher o caminho a
prosseguir.
Falar sobre o Sr. Serpente é tarefa difícil. É muito raro encontrar médiuns
que trabalhem com este Exú. Portanto, a descrição abaixo mostra somente sua
atuação apenas comigo, pois não tenho nenhum material descritivo ou qualquer
outro que reflita este Exú de outras maneiras.
Trabalhar com o Sr. Serpente é sempre um grande evento e sempre traz grandes
lições.
Encruzilhadas, calunga, etc... não há campo em que este Exú não faça sua
presença.
Conversar com ele é sempre um grande desafio, pois não tolera muita
brincadeira. É como andar no fio da navalha, ao menor sinal de fraqueza do
consulente é o suficiente para que a conversa fique muito séria e faça este
Exú dar verdadeiras lições de vida. Ele muda o tom de uma conversa em apenas
uma frase.
É médico por excelência, muito embora não diga se em alguma encarnação tenha
sido médico formado ou não. Durante sessões de cura trabalha com água limpa
e faz aplicações energéticas nos diversos pontos de energia distribuidos
pelo corpo.
É mestre em apontar os erros e mostrar o caminho certo. Assim como um
Preto-Velho, dificilmente fala abertamente qual é a resolução de um
problema. Ele gosta de criar o ambiente favorável para a resolução destes e
mesmo que o problema seja sério, nunca deixa transparecer. É normal os
consulentes não entenderem o que este Exú está fazendo quando desempenha seu
trabalho e pede que, para que haja a solução, sejam pacientes e procurem
sempre o caminho certo.
É normal vê-lo explicando sobre a vida, a morte e a Umbanda neste meio.
Quando perguntam a ele algo sobre espiritualismo tem sempre o maior prazer
de explicar. Cobra como ninguém o estudo de seu médium e de outros médiuns
que venham a trabalhar ao seu lado.
Apresenta-se (perispírito) como caucasiano, magro, alto, cabelos curtos e
negros, olhos negros, vestido com roupas brancas simples, sem calçados, com
uma capa preta por fora e branca por dentro com seu ponto riscado nela. Traz
na cintura uma faixa preta e nesta um punhal de bronze muito bem entalhado e
adornado com um rubi no cabo. Em sua mão direita sempre traz um tridente
enorme. Manca do pé direito (diz que quando vivo alguém lhe deu um tiro no
pé e traz consigo este particular). Mostra um leve sotaque nordestino.
Para os médiuns videntes é comum observar muitas serpentes passando pelo
terreiro quando ele está chegando. Também vêem-se as serpentes durantes
trabalhos de cura, mesmo que este Exú não esteja diretamente envolvido no
trabalho.
É habilíssimo com quiumbas e tem uma paciência e amorosidade ímpar quando
trata problemas relacionados a espíritos obssessores. Normalmente, durante
uma sessão de desobsessão, o espírito obsessor será trazido para sua falange
e trabalhará para ele durante sua evolução.
Acho até que o Sr. Serpente é muito criterioso com relação à outras
entidades. Já tive a oportunidade de observá-lo dando broncas em algumas
entidades por não cuidarem de correta maneira de seus médiuns.
Sr. Serpente, quando arria no terreiro para trabalhar sempre traz consigo
sua Pomba-Gira de beleza inigualável. Ela veste vestido de baile verde-musgo
e, segundo os videntes, é de uma beleza estonteante.
Quando lhe pergutaram sobre suas encarnações, mais precisamente a sua
origem, a única coisa que respondeu foi:
— Fui eu quem deu a maçã!" — e deu uma gargalhada muito gostosa.
Uma coisa que muito me impressionou foi vê-lo em um procedimento cirúrgico
espiritual de um consulente que tinha problema na coluna. Sua atuação foi
rápida e indolor. Aplicou o método DO-IN através das mãos do consulente e,
de quebra, retirou algumas pedras do rim deste. O consulente nunca mais teve
problemas de coluna ou pedras nos rins. A operação não deve ter durado mais
que 5 minutos.
Noutro trabalho, Sr. Serpente perguntou a um consulente:
"— Você confia em mim?"
"— Confio totalmente", respondeu o consulente.
"— Este é seu maior erro. Você confia em quem não conhece. Por que confia em
mim?"
"— Confio pelo simples fato do Sr. comparecer e trabalhar nesta casa".
E eu, médium, imediatamente exclamei ao Exú:
"— Essa foi muito boa, meu pai. E agora??? Ele te pegou!!!".
E o Exú respondeu aos dois:
"— Você também comparece nesta casa e não confio em você".
Hilário mas com grande ensinamento.
Em um trabalho em que eu nem estava preparado, visitando a casa de alguns
amigos, estes me relataram que ouviam constantemente na sala de casa um
grande número de "pessoas" fazendo festa, o que me foi uma grande surpresa
pois nunca me disseram nada a respeito. E por mais que pedissem para que
deixassem o local eles nunca iam embora.
Senti a presença do Sr. Serpente e, mesmo sem incorporar, uma das pessoas
relatou que estava vendo uma serpente enorme "espalhando" espíritos por toda
a sala da casa. Não pude mais segurar somente a sua presença. Ele
incorporou, limpou a casa e encaminhou cada um que ali estava aos seus
devidos lugares. Depois deste evento a casa não apresentou mais problemas
até hoje.
Certa vez, pensando no Sr. Serpente e tentando explicar Exú de uma maneira
bem simples e que qualquer pessoa compreenda, pedi a ele que me desse uma
simples e boa explicação. Mais que rápido ele escreveu:
"Exú é um anjo guerreiro que faz do território inimigo sua morada e seu
campo de trabalho."
Grande sábio, grande amigo. Descobri a pouco tempo que ele esteve comigo
desde muito tempo e guia meus passos em todas as ocasiões.
Ódio e mais ódio...
Muitas coisas aconteceram nestes últimos tempos. Ciúmes, inveja e não sei
mais o que exatamente. Só porque finalmente resolvi montar um terreiro
próprio, por simplesmente não concordar com algumas questões aplicadas em
outros terreiros. Ao invés de brigar ou maldizer, resolvi montar um...
Dentre os ataques, demandas, maldizeres, etc, o Sr. Serpente foi questionado
a respeito da situação. Como fazer para proteger seu médium e seu filhos do
terreiro...
Ele disse simplesmente:
"— Fale para o meu cavalo: quando ele sentir que está havendo demandas basta
pensar assim:
— Falar de mim é fácil, difícil é ser como eu!"
Um dos filhos do terreiro pergunta ao Sr. Serpente:
"— Considerando que eu faço o meu trabalho caritativo, sempre tento fazer
algo de bom para o meu próximo, levo minha vida de maneira a não prejudicar
ninguém, assim mesmo muitos males me acontecem. Não há como estar livre
desses males?"
"— Meu filho, ninguém neste plano está livre de certos acontecimentos que,
infelizmente, muitos de vocês vêem como 'males'.
— Ninguém pode ser colocado numa bolha de proteção e ficar imune aos
acontecimentos da vida e os percalços que a própria vida lhes impôe.
— Problemas são simples obstáculos que a Lei Divina coloca em vosso caminho
para que vocês tenham a possibilidade de transpô-los e assim galgar mais um
degrau na escala evolutiva de cada um.
— Qualquer problema que não esteja diretamente relacionado ao seu
aprendizado e consequente merecimento, o próprio Alto tomará as providências
para que seja imediatamente retirado do vosso caminho.
— Querer estar totalmente livre dos 'problemas' inflingidos a vocês é
estacionar no tempo, visando unicamente o egoísmo e a preguiça.
— Fazer a caridade não quer dizer somente 'marcar pontos na contabilidade
divina'. Fazer a caridade é difícil e muitas vezes incompreendido. Mas com
perseverança e parcimônia haverá de dar frutos dos quais você mesmo poderá
provar seu sabor, mas sempre na hora certa.
— Considere, meu filho, que se você tem algum tipo de problema com alguma
pessoa do meio espiritualista, não adianta ter a idéia de deixar este meio
pensando que 'se não fosse espiritualista essas coisas não me aconteceriam'.
Mesmo estando longe do meio, a logística divina colocaria no seu caminho
esta mesma pessoa com o mesmo problema, cedo ou tarde no seu conceito, no
tempo certo no conceito divino. A diferença é que estando em alguma outra
religião você sequer saberia o porque que certas coisas lhe acontecem e
seria muito mais difiícil solucionar ou pelo menos saber que você precisa
passar por isso.
— Não é dando dinheiro a uma igreja que você compra a sua paz e muito menos
a sua evolução.
— Não adianta mudar de religião para tentar se ver livre de problemas. A Lei
Divina é aplicada ao indivíduo, e nunca a uma religião, credo, raça, classe
social, etc.
— Caminhamos para o UNO e esse caminho chama-se evolução."
Desde os tempos mais remotos, a serpente desempenha um papel fundamental em
todas as culturas. Associada, antes de tudo, à fonte original da vida,
guarda em si grandes paradoxos, podendo significar a luz ou as trevas, o bem
ou o mal, a sabedoria ou a paixão cega, a vida ou a morte.
Entre os símbolos primordiais, a serpente é aquele que mais fortemente
encerra toda uma complexidade de arquétipos. Presente em todas as culturas,
sua imagem mitológica assume sempre um papel fundamental, associada que
está, antes de tudo, à essência primordial da natureza, à fonte original de
vida, ao princípio organizador do caos, anterior à própria Criação.
A serpente guarda em si intrigantes paradoxos: se por um lado exprime uma
ameaça (já que de seu veneno pode sobrevir a morte), por outro, resume no
processo de renovação de sua pele todo o intrincado mistério da vida, que se
atualiza em movimento rejuvenescente.
Diferentes cultos e cerimônias ritualísticas reverenciam esse réptil
sorrateiro, atribuindo-lhe as mais díspares qualidades. As serpentes podem
estar associadas a cultos solares ou lunares; a sociedades matriarcais ou
patriarcais (quando assumem valores masculinos ou femininos); podem
significar a luz ou as trevas; a vida ou a morte; o bem e o mal; a sabedoria
ou seu oposto, a paixão cega; representar o falo (por seu corpo
assemelhar-se ao bastão) ou mesmo a vulva (conforme se lhe parecem as
escamas que a recobrem, bem como o formato de sua goela quando esta se abre
para devorar sua presa). Tanto quanto as energias yin e yang expressam no
taoísmo as polaridades negativa e positiva que estão por detrás de toda
manifestação da natureza, os ofídios, miticamente, ocultam em si a síntese
dessa dicotomia universal.
Oroboro: alusão ao processo dinâmico e transformador da vida.
Uma das figuras mais intrigantes do simbolismo alquímico, presente
milenarmente em diversas culturas, é a da cobra (ou dragão) que morde o
próprio rabo e opera, num movimento circular e contínuo, todo o processo
dinâmico e transformador da vida. “Meu fim é meu começo”, diz a cobra nesse
ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada
da vida e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo. À serpente
devorando a própria cauda, os alquimistas chamaram oroboro. Tal palavra não
consta da maioria dos dicionários e, em alguns livros da Grande Obra,
aparece grafada como ouroboros, principalmente na língua inglesa.
Outras fontes, menos comumente, escrevem-na uróboro. Particularmente,
prefiro o termo oroboro, visto não ter sido nunca tão oportuno em nossa
língua nomearmos um símbolo cuja singularidade é a de não ter começo nem
fim, por meio de palavra tão especial, que pode ser lida de trás para a
frente sem prejuízo sequer de sua pronúncia, transmitindo a idéia de algo
que se expressa ciclicamente.
Etimologicamente, o termo tem curiosa explicação: óros, em grego, significa
“termo, limite”, podendo ser também “meta, regra ou definição”; borós se
traduz por boca, ou voracidade. Oroboro, então, representa aquilo que se
delimita ou se atinge pela boca, e também aquilo que se define por sua
própria função. Órobos, em grego, ainda significa “planta”, mais
especificamente a alfarroba (fruto da alfarrobeira), uma vagem de polpa doce
e nutritiva indicada no tratamento das doenças inflamatórias digestivas. O
dicionário Aurélio traz para órobo o significado de “cola”, palavra que,
além de se referir a outro tipo de árvore (a Cola acuminata), também pode
significar “cauda”, conforme certos regionalismos do Brasil. O mesmo termo é
igualmente encontrado na língua espanhola a designar o rabo dos animais.
Para orobó (só muda o acento), o Aurélio reserva o sinônimo coleira, em nova
referência à aromática árvore acima citada, cujas sementes guardam extrato
lenhoso de propriedades estimulantes, semelhantes à cafeína.
Coincidentemente, coleira é o nome dado ao colar que cinge o pescoço dos
animais, e o oroboro lembra sua forma. Além disso, nossas vísceras
intestinais assemelham-se à serpente enrolada, e o aparelho digestivo como
um todo (se tomado da boca ao ânus) bem desenha a serpente aprumada, prestes
a dar seu bote, a devorar sua presa.
Multicolorida, venenosíssima e devoradora de outros ofídios, a cobra coral
pertenceu aos magos, que receberam há muitos milênios a missão de
revitalizar no plano material a tradição do arco íris sagrado.
É um símbolo mágico, que na Umbanda está representado pela hierarquia
espiritual que atende pelo nome simbólico de: Caboclos e Exú Cobra Coral.
Dizem os magos que quando a lei solta uma de suas serpentes mágicas, nem a
própria lei consegue recolhê-la sem antes matá-la. Como a lei não mata nada,
muito menos um de seus mistérios mágicos por excelência, a coral da lei,
continua ativa.
É uma serpente (simbólica) que consegue anular a grande cobra negra sem ter
que matá-la; apenas a devora e incorpora seu veneno nas suas listas negras,
tornando-se assim, ainda mais poderosa. Todo aquele que tem uma coral à sua
direita, esta sendo amparado pela lei.
E quem a tiver pela esquerda, pela lei está sendo vigiado. Este é um
comentário simbólico.
A Serpente Dourada simboliza o saber puro, e tal como a coral, jamais foi
recolhida à faixa celestial, pois a serpente dourada (o saber) é a única que
consegue eliminar a serpente negra (a ignorância) sem sofrer qualquer
contaminação.
A serpente está presente em toda a história conhecida pelo ser humano. Na
bíblia, ela é a responsável por fazer Adão e Eva sucumbirem ao pecado.
Analogicamente, é a responsável por impor a responsabilidade aos homens e
ensinar-lhes que Deus lhes deu o livre arbítrio para escolher o caminho a
prosseguir.
Falar sobre o Sr. Serpente é tarefa difícil. É muito raro encontrar médiuns
que trabalhem com este Exú. Portanto, a descrição abaixo mostra somente sua
atuação apenas comigo, pois não tenho nenhum material descritivo ou qualquer
outro que reflita este Exú de outras maneiras.
Trabalhar com o Sr. Serpente é sempre um grande evento e sempre traz grandes
lições.
Encruzilhadas, calunga, etc... não há campo em que este Exú não faça sua
presença.
Conversar com ele é sempre um grande desafio, pois não tolera muita
brincadeira. É como andar no fio da navalha, ao menor sinal de fraqueza do
consulente é o suficiente para que a conversa fique muito séria e faça este
Exú dar verdadeiras lições de vida. Ele muda o tom de uma conversa em apenas
uma frase.
É médico por excelência, muito embora não diga se em alguma encarnação tenha
sido médico formado ou não. Durante sessões de cura trabalha com água limpa
e faz aplicações energéticas nos diversos pontos de energia distribuidos
pelo corpo.
É mestre em apontar os erros e mostrar o caminho certo. Assim como um
Preto-Velho, dificilmente fala abertamente qual é a resolução de um
problema. Ele gosta de criar o ambiente favorável para a resolução destes e
mesmo que o problema seja sério, nunca deixa transparecer. É normal os
consulentes não entenderem o que este Exú está fazendo quando desempenha seu
trabalho e pede que, para que haja a solução, sejam pacientes e procurem
sempre o caminho certo.
É normal vê-lo explicando sobre a vida, a morte e a Umbanda neste meio.
Quando perguntam a ele algo sobre espiritualismo tem sempre o maior prazer
de explicar. Cobra como ninguém o estudo de seu médium e de outros médiuns
que venham a trabalhar ao seu lado.
Apresenta-se (perispírito) como caucasiano, magro, alto, cabelos curtos e
negros, olhos negros, vestido com roupas brancas simples, sem calçados, com
uma capa preta por fora e branca por dentro com seu ponto riscado nela. Traz
na cintura uma faixa preta e nesta um punhal de bronze muito bem entalhado e
adornado com um rubi no cabo. Em sua mão direita sempre traz um tridente
enorme. Manca do pé direito (diz que quando vivo alguém lhe deu um tiro no
pé e traz consigo este particular). Mostra um leve sotaque nordestino.
Para os médiuns videntes é comum observar muitas serpentes passando pelo
terreiro quando ele está chegando. Também vêem-se as serpentes durantes
trabalhos de cura, mesmo que este Exú não esteja diretamente envolvido no
trabalho.
É habilíssimo com quiumbas e tem uma paciência e amorosidade ímpar quando
trata problemas relacionados a espíritos obssessores. Normalmente, durante
uma sessão de desobsessão, o espírito obsessor será trazido para sua falange
e trabalhará para ele durante sua evolução.
Acho até que o Sr. Serpente é muito criterioso com relação à outras
entidades. Já tive a oportunidade de observá-lo dando broncas em algumas
entidades por não cuidarem de correta maneira de seus médiuns.
Sr. Serpente, quando arria no terreiro para trabalhar sempre traz consigo
sua Pomba-Gira de beleza inigualável. Ela veste vestido de baile verde-musgo
e, segundo os videntes, é de uma beleza estonteante.
Quando lhe pergutaram sobre suas encarnações, mais precisamente a sua
origem, a única coisa que respondeu foi:
— Fui eu quem deu a maçã!" — e deu uma gargalhada muito gostosa.
Uma coisa que muito me impressionou foi vê-lo em um procedimento cirúrgico
espiritual de um consulente que tinha problema na coluna. Sua atuação foi
rápida e indolor. Aplicou o método DO-IN através das mãos do consulente e,
de quebra, retirou algumas pedras do rim deste. O consulente nunca mais teve
problemas de coluna ou pedras nos rins. A operação não deve ter durado mais
que 5 minutos.
Noutro trabalho, Sr. Serpente perguntou a um consulente:
"— Você confia em mim?"
"— Confio totalmente", respondeu o consulente.
"— Este é seu maior erro. Você confia em quem não conhece. Por que confia em
mim?"
"— Confio pelo simples fato do Sr. comparecer e trabalhar nesta casa".
E eu, médium, imediatamente exclamei ao Exú:
"— Essa foi muito boa, meu pai. E agora??? Ele te pegou!!!".
E o Exú respondeu aos dois:
"— Você também comparece nesta casa e não confio em você".
Hilário mas com grande ensinamento.
Em um trabalho em que eu nem estava preparado, visitando a casa de alguns
amigos, estes me relataram que ouviam constantemente na sala de casa um
grande número de "pessoas" fazendo festa, o que me foi uma grande surpresa
pois nunca me disseram nada a respeito. E por mais que pedissem para que
deixassem o local eles nunca iam embora.
Senti a presença do Sr. Serpente e, mesmo sem incorporar, uma das pessoas
relatou que estava vendo uma serpente enorme "espalhando" espíritos por toda
a sala da casa. Não pude mais segurar somente a sua presença. Ele
incorporou, limpou a casa e encaminhou cada um que ali estava aos seus
devidos lugares. Depois deste evento a casa não apresentou mais problemas
até hoje.
Certa vez, pensando no Sr. Serpente e tentando explicar Exú de uma maneira
bem simples e que qualquer pessoa compreenda, pedi a ele que me desse uma
simples e boa explicação. Mais que rápido ele escreveu:
"Exú é um anjo guerreiro que faz do território inimigo sua morada e seu
campo de trabalho."
Grande sábio, grande amigo. Descobri a pouco tempo que ele esteve comigo
desde muito tempo e guia meus passos em todas as ocasiões.
Ódio e mais ódio...
Muitas coisas aconteceram nestes últimos tempos. Ciúmes, inveja e não sei
mais o que exatamente. Só porque finalmente resolvi montar um terreiro
próprio, por simplesmente não concordar com algumas questões aplicadas em
outros terreiros. Ao invés de brigar ou maldizer, resolvi montar um...
Dentre os ataques, demandas, maldizeres, etc, o Sr. Serpente foi questionado
a respeito da situação. Como fazer para proteger seu médium e seu filhos do
terreiro...
Ele disse simplesmente:
"— Fale para o meu cavalo: quando ele sentir que está havendo demandas basta
pensar assim:
— Falar de mim é fácil, difícil é ser como eu!"
Um dos filhos do terreiro pergunta ao Sr. Serpente:
"— Considerando que eu faço o meu trabalho caritativo, sempre tento fazer
algo de bom para o meu próximo, levo minha vida de maneira a não prejudicar
ninguém, assim mesmo muitos males me acontecem. Não há como estar livre
desses males?"
"— Meu filho, ninguém neste plano está livre de certos acontecimentos que,
infelizmente, muitos de vocês vêem como 'males'.
— Ninguém pode ser colocado numa bolha de proteção e ficar imune aos
acontecimentos da vida e os percalços que a própria vida lhes impôe.
— Problemas são simples obstáculos que a Lei Divina coloca em vosso caminho
para que vocês tenham a possibilidade de transpô-los e assim galgar mais um
degrau na escala evolutiva de cada um.
— Qualquer problema que não esteja diretamente relacionado ao seu
aprendizado e consequente merecimento, o próprio Alto tomará as providências
para que seja imediatamente retirado do vosso caminho.
— Querer estar totalmente livre dos 'problemas' inflingidos a vocês é
estacionar no tempo, visando unicamente o egoísmo e a preguiça.
— Fazer a caridade não quer dizer somente 'marcar pontos na contabilidade
divina'. Fazer a caridade é difícil e muitas vezes incompreendido. Mas com
perseverança e parcimônia haverá de dar frutos dos quais você mesmo poderá
provar seu sabor, mas sempre na hora certa.
— Considere, meu filho, que se você tem algum tipo de problema com alguma
pessoa do meio espiritualista, não adianta ter a idéia de deixar este meio
pensando que 'se não fosse espiritualista essas coisas não me aconteceriam'.
Mesmo estando longe do meio, a logística divina colocaria no seu caminho
esta mesma pessoa com o mesmo problema, cedo ou tarde no seu conceito, no
tempo certo no conceito divino. A diferença é que estando em alguma outra
religião você sequer saberia o porque que certas coisas lhe acontecem e
seria muito mais difiícil solucionar ou pelo menos saber que você precisa
passar por isso.
— Não é dando dinheiro a uma igreja que você compra a sua paz e muito menos
a sua evolução.
— Não adianta mudar de religião para tentar se ver livre de problemas. A Lei
Divina é aplicada ao indivíduo, e nunca a uma religião, credo, raça, classe
social, etc.
— Caminhamos para o UNO e esse caminho chama-se evolução."
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