quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Guardião Serpente (Exú Serpente)

A Simbologia da Serpente



Desde os tempos mais remotos, a serpente desempenha um papel fundamental em


todas as culturas. Associada, antes de tudo, à fonte original da vida,


guarda em si grandes paradoxos, podendo significar a luz ou as trevas, o bem


ou o mal, a sabedoria ou a paixão cega, a vida ou a morte.


Entre os símbolos primordiais, a serpente é aquele que mais fortemente


encerra toda uma complexidade de arquétipos. Presente em todas as culturas,


sua imagem mitológica assume sempre um papel fundamental, associada que


está, antes de tudo, à essência primordial da natureza, à fonte original de


vida, ao princípio organizador do caos, anterior à própria Criação.


A serpente guarda em si intrigantes paradoxos: se por um lado exprime uma


ameaça (já que de seu veneno pode sobrevir a morte), por outro, resume no


processo de renovação de sua pele todo o intrincado mistério da vida, que se


atualiza em movimento rejuvenescente.


Diferentes cultos e cerimônias ritualísticas reverenciam esse réptil


sorrateiro, atribuindo-lhe as mais díspares qualidades. As serpentes podem


estar associadas a cultos solares ou lunares; a sociedades matriarcais ou


patriarcais (quando assumem valores masculinos ou femininos); podem


significar a luz ou as trevas; a vida ou a morte; o bem e o mal; a sabedoria


ou seu oposto, a paixão cega; representar o falo (por seu corpo


assemelhar-se ao bastão) ou mesmo a vulva (conforme se lhe parecem as


escamas que a recobrem, bem como o formato de sua goela quando esta se abre


para devorar sua presa). Tanto quanto as energias yin e yang expressam no


taoísmo as polaridades negativa e positiva que estão por detrás de toda


manifestação da natureza, os ofídios, miticamente, ocultam em si a síntese


dessa dicotomia universal.


Oroboro: alusão ao processo dinâmico e transformador da vida.


Uma das figuras mais intrigantes do simbolismo alquímico, presente


milenarmente em diversas culturas, é a da cobra (ou dragão) que morde o


próprio rabo e opera, num movimento circular e contínuo, todo o processo


dinâmico e transformador da vida. “Meu fim é meu começo”, diz a cobra nesse


ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada


da vida e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo. À serpente


devorando a própria cauda, os alquimistas chamaram oroboro. Tal palavra não


consta da maioria dos dicionários e, em alguns livros da Grande Obra,


aparece grafada como ouroboros, principalmente na língua inglesa.


Outras fontes, menos comumente, escrevem-na uróboro. Particularmente,


prefiro o termo oroboro, visto não ter sido nunca tão oportuno em nossa


língua nomearmos um símbolo cuja singularidade é a de não ter começo nem


fim, por meio de palavra tão especial, que pode ser lida de trás para a


frente sem prejuízo sequer de sua pronúncia, transmitindo a idéia de algo


que se expressa ciclicamente.


Etimologicamente, o termo tem curiosa explicação: óros, em grego, significa


“termo, limite”, podendo ser também “meta, regra ou definição”; borós se


traduz por boca, ou voracidade. Oroboro, então, representa aquilo que se


delimita ou se atinge pela boca, e também aquilo que se define por sua


própria função. Órobos, em grego, ainda significa “planta”, mais


especificamente a alfarroba (fruto da alfarrobeira), uma vagem de polpa doce


e nutritiva indicada no tratamento das doenças inflamatórias digestivas. O


dicionário Aurélio traz para órobo o significado de “cola”, palavra que,


além de se referir a outro tipo de árvore (a Cola acuminata), também pode


significar “cauda”, conforme certos regionalismos do Brasil. O mesmo termo é


igualmente encontrado na língua espanhola a designar o rabo dos animais.


Para orobó (só muda o acento), o Aurélio reserva o sinônimo coleira, em nova


referência à aromática árvore acima citada, cujas sementes guardam extrato


lenhoso de propriedades estimulantes, semelhantes à cafeína.


Coincidentemente, coleira é o nome dado ao colar que cinge o pescoço dos


animais, e o oroboro lembra sua forma. Além disso, nossas vísceras


intestinais assemelham-se à serpente enrolada, e o aparelho digestivo como


um todo (se tomado da boca ao ânus) bem desenha a serpente aprumada, prestes


a dar seu bote, a devorar sua presa.


Multicolorida, venenosíssima e devoradora de outros ofídios, a cobra coral


pertenceu aos magos, que receberam há muitos milênios a missão de


revitalizar no plano material a tradição do arco íris sagrado.


É um símbolo mágico, que na Umbanda está representado pela hierarquia


espiritual que atende pelo nome simbólico de: Caboclos e Exú Cobra Coral.


Dizem os magos que quando a lei solta uma de suas serpentes mágicas, nem a


própria lei consegue recolhê-la sem antes matá-la. Como a lei não mata nada,


muito menos um de seus mistérios mágicos por excelência, a coral da lei,


continua ativa.


É uma serpente (simbólica) que consegue anular a grande cobra negra sem ter


que matá-la; apenas a devora e incorpora seu veneno nas suas listas negras,


tornando-se assim, ainda mais poderosa. Todo aquele que tem uma coral à sua


direita, esta sendo amparado pela lei.


E quem a tiver pela esquerda, pela lei está sendo vigiado. Este é um


comentário simbólico.


A Serpente Dourada simboliza o saber puro, e tal como a coral, jamais foi


recolhida à faixa celestial, pois a serpente dourada (o saber) é a única que


consegue eliminar a serpente negra (a ignorância) sem sofrer qualquer


contaminação.


A serpente está presente em toda a história conhecida pelo ser humano. Na


bíblia, ela é a responsável por fazer Adão e Eva sucumbirem ao pecado.


Analogicamente, é a responsável por impor a responsabilidade aos homens e


ensinar-lhes que Deus lhes deu o livre arbítrio para escolher o caminho a


prosseguir.


Falar sobre o Sr. Serpente é tarefa difícil. É muito raro encontrar médiuns


que trabalhem com este Exú. Portanto, a descrição abaixo mostra somente sua


atuação apenas comigo, pois não tenho nenhum material descritivo ou qualquer


outro que reflita este Exú de outras maneiras.


Trabalhar com o Sr. Serpente é sempre um grande evento e sempre traz grandes


lições.


Encruzilhadas, calunga, etc... não há campo em que este Exú não faça sua


presença.


Conversar com ele é sempre um grande desafio, pois não tolera muita


brincadeira. É como andar no fio da navalha, ao menor sinal de fraqueza do


consulente é o suficiente para que a conversa fique muito séria e faça este


Exú dar verdadeiras lições de vida. Ele muda o tom de uma conversa em apenas


uma frase.


É médico por excelência, muito embora não diga se em alguma encarnação tenha


sido médico formado ou não. Durante sessões de cura trabalha com água limpa


e faz aplicações energéticas nos diversos pontos de energia distribuidos


pelo corpo.


É mestre em apontar os erros e mostrar o caminho certo. Assim como um


Preto-Velho, dificilmente fala abertamente qual é a resolução de um


problema. Ele gosta de criar o ambiente favorável para a resolução destes e


mesmo que o problema seja sério, nunca deixa transparecer. É normal os


consulentes não entenderem o que este Exú está fazendo quando desempenha seu


trabalho e pede que, para que haja a solução, sejam pacientes e procurem


sempre o caminho certo.


É normal vê-lo explicando sobre a vida, a morte e a Umbanda neste meio.


Quando perguntam a ele algo sobre espiritualismo tem sempre o maior prazer


de explicar. Cobra como ninguém o estudo de seu médium e de outros médiuns


que venham a trabalhar ao seu lado.


Apresenta-se (perispírito) como caucasiano, magro, alto, cabelos curtos e


negros, olhos negros, vestido com roupas brancas simples, sem calçados, com


uma capa preta por fora e branca por dentro com seu ponto riscado nela. Traz


na cintura uma faixa preta e nesta um punhal de bronze muito bem entalhado e


adornado com um rubi no cabo. Em sua mão direita sempre traz um tridente


enorme. Manca do pé direito (diz que quando vivo alguém lhe deu um tiro no


pé e traz consigo este particular). Mostra um leve sotaque nordestino.


Para os médiuns videntes é comum observar muitas serpentes passando pelo


terreiro quando ele está chegando. Também vêem-se as serpentes durantes


trabalhos de cura, mesmo que este Exú não esteja diretamente envolvido no


trabalho.


É habilíssimo com quiumbas e tem uma paciência e amorosidade ímpar quando


trata problemas relacionados a espíritos obssessores. Normalmente, durante


uma sessão de desobsessão, o espírito obsessor será trazido para sua falange


e trabalhará para ele durante sua evolução.


Acho até que o Sr. Serpente é muito criterioso com relação à outras


entidades. Já tive a oportunidade de observá-lo dando broncas em algumas


entidades por não cuidarem de correta maneira de seus médiuns.


Sr. Serpente, quando arria no terreiro para trabalhar sempre traz consigo


sua Pomba-Gira de beleza inigualável. Ela veste vestido de baile verde-musgo


e, segundo os videntes, é de uma beleza estonteante.


Quando lhe pergutaram sobre suas encarnações, mais precisamente a sua


origem, a única coisa que respondeu foi:


— Fui eu quem deu a maçã!" — e deu uma gargalhada muito gostosa.


Uma coisa que muito me impressionou foi vê-lo em um procedimento cirúrgico


espiritual de um consulente que tinha problema na coluna. Sua atuação foi


rápida e indolor. Aplicou o método DO-IN através das mãos do consulente e,


de quebra, retirou algumas pedras do rim deste. O consulente nunca mais teve


problemas de coluna ou pedras nos rins. A operação não deve ter durado mais


que 5 minutos.


Noutro trabalho, Sr. Serpente perguntou a um consulente:


"— Você confia em mim?"


"— Confio totalmente", respondeu o consulente.


"— Este é seu maior erro. Você confia em quem não conhece. Por que confia em


mim?"


"— Confio pelo simples fato do Sr. comparecer e trabalhar nesta casa".


E eu, médium, imediatamente exclamei ao Exú:


"— Essa foi muito boa, meu pai. E agora??? Ele te pegou!!!".


E o Exú respondeu aos dois:


"— Você também comparece nesta casa e não confio em você".


Hilário mas com grande ensinamento.


Em um trabalho em que eu nem estava preparado, visitando a casa de alguns


amigos, estes me relataram que ouviam constantemente na sala de casa um


grande número de "pessoas" fazendo festa, o que me foi uma grande surpresa


pois nunca me disseram nada a respeito. E por mais que pedissem para que


deixassem o local eles nunca iam embora.


Senti a presença do Sr. Serpente e, mesmo sem incorporar, uma das pessoas


relatou que estava vendo uma serpente enorme "espalhando" espíritos por toda


a sala da casa. Não pude mais segurar somente a sua presença. Ele


incorporou, limpou a casa e encaminhou cada um que ali estava aos seus


devidos lugares. Depois deste evento a casa não apresentou mais problemas


até hoje.


Certa vez, pensando no Sr. Serpente e tentando explicar Exú de uma maneira


bem simples e que qualquer pessoa compreenda, pedi a ele que me desse uma


simples e boa explicação. Mais que rápido ele escreveu:


"Exú é um anjo guerreiro que faz do território inimigo sua morada e seu


campo de trabalho."


Grande sábio, grande amigo. Descobri a pouco tempo que ele esteve comigo


desde muito tempo e guia meus passos em todas as ocasiões.


Ódio e mais ódio...


Muitas coisas aconteceram nestes últimos tempos. Ciúmes, inveja e não sei


mais o que exatamente. Só porque finalmente resolvi montar um terreiro


próprio, por simplesmente não concordar com algumas questões aplicadas em


outros terreiros. Ao invés de brigar ou maldizer, resolvi montar um...


Dentre os ataques, demandas, maldizeres, etc, o Sr. Serpente foi questionado


a respeito da situação. Como fazer para proteger seu médium e seu filhos do


terreiro...


Ele disse simplesmente:


"— Fale para o meu cavalo: quando ele sentir que está havendo demandas basta


pensar assim:


— Falar de mim é fácil, difícil é ser como eu!"


Um dos filhos do terreiro pergunta ao Sr. Serpente:


"— Considerando que eu faço o meu trabalho caritativo, sempre tento fazer


algo de bom para o meu próximo, levo minha vida de maneira a não prejudicar


ninguém, assim mesmo muitos males me acontecem. Não há como estar livre


desses males?"


"— Meu filho, ninguém neste plano está livre de certos acontecimentos que,


infelizmente, muitos de vocês vêem como 'males'.


— Ninguém pode ser colocado numa bolha de proteção e ficar imune aos


acontecimentos da vida e os percalços que a própria vida lhes impôe.


— Problemas são simples obstáculos que a Lei Divina coloca em vosso caminho


para que vocês tenham a possibilidade de transpô-los e assim galgar mais um


degrau na escala evolutiva de cada um.


— Qualquer problema que não esteja diretamente relacionado ao seu


aprendizado e consequente merecimento, o próprio Alto tomará as providências


para que seja imediatamente retirado do vosso caminho.


— Querer estar totalmente livre dos 'problemas' inflingidos a vocês é


estacionar no tempo, visando unicamente o egoísmo e a preguiça.


— Fazer a caridade não quer dizer somente 'marcar pontos na contabilidade


divina'. Fazer a caridade é difícil e muitas vezes incompreendido. Mas com


perseverança e parcimônia haverá de dar frutos dos quais você mesmo poderá


provar seu sabor, mas sempre na hora certa.


— Considere, meu filho, que se você tem algum tipo de problema com alguma


pessoa do meio espiritualista, não adianta ter a idéia de deixar este meio


pensando que 'se não fosse espiritualista essas coisas não me aconteceriam'.


Mesmo estando longe do meio, a logística divina colocaria no seu caminho


esta mesma pessoa com o mesmo problema, cedo ou tarde no seu conceito, no


tempo certo no conceito divino. A diferença é que estando em alguma outra


religião você sequer saberia o porque que certas coisas lhe acontecem e


seria muito mais difiícil solucionar ou pelo menos saber que você precisa


passar por isso.


— Não é dando dinheiro a uma igreja que você compra a sua paz e muito menos


a sua evolução.


— Não adianta mudar de religião para tentar se ver livre de problemas. A Lei


Divina é aplicada ao indivíduo, e nunca a uma religião, credo, raça, classe


social, etc.


— Caminhamos para o UNO e esse caminho chama-se evolução."

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