sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

OPINIÃO

Em 25 anos de umbanda entrei em casas de chão batido nas quais os mediuns após a sessão saiam com suas roupas, inicialmente imaculadamente brancas, completamente amareladas de barro. Entrei em casas com chão de sintéco nas quais era extremamente proibido a qualquer um usar até mesmo as sandalinhas de santo. Vi zeladores e médiuns com entidades que rolavam sobre cacos de vidro e caminhavam sobre brasas. Vi entidades que faziam verdadeiros milagres somente com uma vela e um copo d'água. Vi Exús dirigindo automóveis, falando ao telefone e até mesmo dando o número de seu telefone. E na maioria destas casas o que mas vi foram médiuns entristecidos e abandonando a casa por falta de atenção de zeladores, pela falta de conhecimento, pela falta de desenvolvimento, pelo ciúme dos próprios zeladores que não adimitiam que o santo de seus filhos fosse melhor do que o dele próprio. Como se existisse um santo melhor do que o outro. Em muitos casos o sacerdocio, principalmente na Umbanda, acaba subindo a cabeça. Zeladores que se acham donos da verdade, de todo conhecimento, não adimitindo que muitas vezes um simples Abian pode trabalhar, com toda energia e vibração, do mesmo modo que um Babalorixás com coroa de 21 anos. Caboclo Ubiratam, Cabocla Jurema, Vó Maria Conga, Ogum Beira Mar e todos os Orixás trabalham com qualquer médium, independente de sua coroa. Uma guia de Babá no pescoço não significa que vc. se transformou em rei, que vc. é o dono da verdade, que seu Exú é o dono da calunga, que seu santo é o melhor do pedaço.
A FALTA DE HUMILDADE DO ZELADOR É O MAIOR MOTIVO DE ABANDONO DOS MÉDIUNS DENTRO DE UMA CASA.



Hoje, dizem muitos, a Umbanda está mudada. Está modernizada, muita coisa mudou eu concordo, mas os preceitos, o respeito aos Orixás não pode mudar. Sexo antes da sessão, bebida antes da encorporação, entrar no terreiro calçado, não bater cabeça, não encerrar sessão, não salvar coroados, cobrar por atendimento. São coisas que nunca podem ser feitas dentro da umbanda. É hoje vejo muita gente fazendo isso, como se fosse a coisa mas natural do mundo. Porque? Simplesmente deixaram para trás o que aprenderam sobre o ritual e se preocupam mas com a roupa que vestem, a bebida de seu orixá, a quantidade de consulentes que vão atender depois e durante a sessão, a decoração do terreiro, a cobrança de mensalidades, a noitada depois da sessão, etc.


Esquecem de seus filhos que estão alí para se desenvolver, a assistência que esta alí para receber ajuda, esquecem até mesmo muitas vezes de encorporar o santo.


Um médium só cresce com desenvolvimento. Poucos terreiros tem um dia ou mesmo uma hora antes da sessão para desenvolver seus médiuns. Para ensinar, tirar seus medos, a vergonha de encorporar diante da assistência. E o que acontece: Os mais desenvolvidos acabam indo procurar outra casa, começam a atender em casa, começam a fazer besteiras. Se meu Pai de Santo faz eu também posso fazer. Se ele encorpora em casa e atende, se ele encorpora depois da balada, se ele ganha dinheiro, se ele faz o que quer, EU TAMBÉM POSSO FAZER.


O médium que não é doutrinado faz o que aprende vendo. E se vê o zelador praticando a caridade, sendo humilde, respeitando os mandamentos do ritual, tendo uma postura de sacerdote, dentro e fora do terreiro ela vai fazer a mesma coisa. Vai ver que Umbanda é coisa séria para gente séria.
 
Nilo Coelho

Um comentário:

  1. Passei pra desejar um natal repleto de paz, saúde e confraternizações, com a bênção de Jesus. E um ano vindouro de muitas realizações e sorte.

    Com carinho
    Isa

    http://sabedorias-isa.blogspot.com

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