sábado, 29 de outubro de 2011

O triste episódio com Thalma de Freitas

Até quando iremos tolerar a desconfiança contra cidadãos negros ou mestiços por parte de uma visão elitista e conservadora, provinda dos longínquos tempos da escravatura, ao compactuarmos com uma conduta execrável e abjeta, que interpreta pela cor da pele o tratamento a ser direcionado pelo algoz ao réu?
Ao assistir, estupefato, ao episódio vivenciado pela cantora do conjunto Orquestra Imperial, Thalma de Freitas, no noticiário televisivo, lembrei-me de que, habitualmente, parte da população brasileira se refere aos policiais militares como capitães do mato, por estes se dedicarem à captura de marginais homiziados em quilombos/favelas.Em alusão aos negros e mestiços que serviam aos senhores de engenho, em busca de consideração e recompensas pecuniárias, os caçadores de escravos aprisionavam os negros fujões e os arrastavam até a senzala, a fim de que se preservasse a ordem e a propriedade.
Ao descer as ladeiras do Morro do Vidigal, a talentosa artista negra fora abordada por sujeitos fardados possivelmente em sua maioria pertencentes aos mesmos traços e padrões étnicos, que desconfiaram não só de sua procedência; mas, sobretudo, de sua origem racial porque, de acordo com depoimento da vítima, havia no local uma jovem branca que os homens da lei sequer ousaram suspeitar ou pôr em revista.
No romance histórico intitulado O sonho do Celta, Mario Vargas Llosa retrata uma identificação nominal destinada aos indígenas peruanos "castelhanizados", responsáveis pela vigília e aplicação dos castigos ou mutilações nos selvagens recrutados em "correrias" – leia-se, caçadas que sequestravam homens, mulheres e crianças –, para labutação nos seringais amazônicos no início do século 20 – racionais. Sim, alcunhavam desta propícia maneira os silvícolas ameríndios evangelizados e, por conseguinte, aptos a colaborar com os métodos de exploração impostos pelos europeus desbravadores da Floresta Amazônica.
Em retorno ao ofício dos capitães do mato ou indígenas racionais, poder-se-ia concluir que os soldados que detiveram a promissora Thelma de Freitas o fizeram por preconceito étnico ou por uma espécie de revanchismo paradoxalmente contra a própria raça negra? Uma vez que disfarçados de uma autoridade onipresente, os policiais militares se sentiriam no pleno dever de descontar as atrocidades e injustiças antepassadas, que povoaram as suas existências abalroadas de recordações de uma pobre infância de subúrbio ou favela?
Ao que parece o ódio da abominação oriunda de um remoto período de humilhação ainda não foi cicatrizado; entretanto, quando se utilizaram da força bélica de um fuzil ou metralhadora para obrigar uma pessoa pública ao constrangimento de acompanhá-los, dentro de uma suposta legalidade, até a delegacia mais próxima para revista feminina, não imaginavam que a coragem desta mulher negra iria impulsioná-la a denunciar, diante das câmeras em rede nacional, a recorrente prática de desrespeito a que estes incautos guardiões da moral e dos bons costumes estão afeitos a impunemente lidar com os habitantes da cidade do Rio de Janeiro.
Quantos de nós já presenciamos, em blitz, as tais abordagens a negros e mulatos, protagonizadas por membros da guarda estadual da mesma origem racial dos suspeitos incriminados por uma desprezível atitude de autoritarismo diante de um suposto delito de nascença – a negritude ou mestiçagem? Quantos cidadãos anônimos sofrem, cotidianamente, em aterrorizante lei do silêncio, com o abuso de autoridade destes impetuosos cães de guarda mal treinados, que se travestem de capitães do mato ou racionais para, sem educação nem princípios, insultarem o direito de cidadania dos milhares de centenas de trabalhadores fluminenses – frutos da tão decantada miscigenação pátria?
A repulsa da esdrúxula situação impele ao atroz descaso com o ser humano por intermédio do assassínio de sua integridade física e moral, mutilada por irresponsáveis ações já corriqueiras de pessoas detentoras de um direito de ir e vir castrado por um ímpeto de aberrante desobediência constitucional. Até quando iremos tolerar a desconfiança contra cidadãos negros ou mestiços por parte de uma visão elitista e conservadora, provinda dos longínquos tempos da escravatura, ao compactuarmos com uma conduta execrável e abjeta, que interpreta pela cor da pele o tratamento a ser direcionado pelo algoz ao réu? Que não cessem os questionamentos de ordem intelectual mediante mordaz hipocrisia, que marginaliza pelo olhar do inquisidor a serviço da opressão, que aprisiona pelo ato de vil julgamento étnico e que condena pela antilei professada pela discriminação racial.
Para ilustrar o entrevero entre a atriz Thalma de Freitas e os policias militares do Vidigal, quiçá em descabido e secular revanchismo, reporto-me ao livro Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881. Em criança, Brás Cubas fazia o escravo Prudêncio de negro de montaria, com arreios e chicote; e, quando o preto reclamava dos maus-tratos impostos, o sinhozinho branco o repelia com um providencial e supremo: “Cala boca, besta!...”. Anos depois, o memorialista deparou-se com uma curiosa cena em que um homem de cor alforriado humilhava em praça pública, com xingamentos e ameaças, um seu negro cativo, indulgente e beberrão. Entrementes, qual não foi a sua surpresa quando reconheceu o seu antigo animal de montaria de outrora na figura daquele que o parafraseava, pois que o velho e bom Prudêncio, ao retorquir as reclamações do pobre diabo que, aos bofetões e impropérios, era castigado, soberbo e majestoso, obtemperava: “Cala boca, besta!...”.
Wander Lourenço de Oliveira, doutor em letras, é professor da Universidade Estácio e autor dos livros ‘Com licença, senhoritas (A prostituição no romance brasileiro do século 19)’ e de ‘O enigma Diadorim’.


ORIXÁ E EXU, COMO ELES INCORPORAM

A diferenciação das energias é algo imprescindível. É o embasamento para que se compreenda com a máxima sensatez todos e quaisquer objetos no mundo da espiritualidade.
O apontamento “êxtase” ou “transe” é um dos contextos mais polêmicos dentro da religião chamada Candomblé. Isso porque, as fontes de conhecimento são diversas, dos mais distintos provimentos, desde a oratória do século XVI até o XIX, passando pela literatura do século XX e finalmente, a digitalização da idade atual.
Com essa heterogeneidade no que diz respeito à abundância de fontes de conhecimento, podemos observar uma caracterização contraproducente quando se fala no imaterial e, uma disparidade positiva quando se fala no cultural. Trata-se de um paradoxo.
Não somente esses fatores contribuem para essas informações se tornarem esparzidas. Ao logo do descobrimento do Brasil, centenas de acontecimentos históricos influenciaram o Candomblé.
Unanimemente, quando se fala de Orixá, estamos falando de um assunto secundário, pois, o assunto primário é o Orí. Para compreender o que o Orixá faz em nossas vidas, devemos primeiramente entender qual é o papel do nosso Orí.
O que é o Orí? Qual é o papel de nosso Orí?
Muitos falam que é simplesmente a nossa cabeça. Outros dizem que é a morada de nosso Orixá. Essas duas definições são superficiais e descontextualizadas.
Orí, na grande realidade é nossa energia pessoal, singular e intransferível. É o coletivo de todas as nossas características com alto grau de inalienabilidade . É um universo único, próprio para cada ser.
A cultura Ioruba nos ensina que o deus primordial em todas as hipóteses é o nosso próprio Orí. Quando se fala puramente de Orí, nada se tem haver com outras energias. Até mesmo Orixá. Orí é uma espécie de deus. Nada se iguala. É o deus mais diferente do planeta. Logo, somos nossos próprios deuses.
O nosso Orí é a caixa central de todas as nossas informações. Digamos que é nosso “Central Processing Unit”. Diferentemente de nosso Odú – Random Access Memory; e de nosso Orixá – Disco Rígido.
O nosso Orí é formado conotativamente pelos quatro elementos do mundo da magia Ioruba: Ayè, Isò, Omí e Èmí. Cada um desses elementos possuem seus significados próprios, sendo respectivamente: materialidade, força do movimento, sentimentos e emoções e pensamentos e reflexões Tudo isso em conjunto, somado com nosso Odú e nossa singularidade (atributo concebido diretamente de Olodumare, ou Oluwá Nláòkán) – resulta em nosso Orí.
A forma com que o nosso Orí reage à recepção dessas informações é que nomeamos de Orixá.
Orixá é o nome que se dá à forma que nosso Orí reage ao receber essas energias.
Por isso temos esse nome conotativo: Orixá = Orí + Ixá = Anjo Guardião da Cabeça.
Esse “anjo guardião” é o fator resultante das recepções energéticas. Não é necessariamente um ser invisível, como o Espírito Santo, da Sagrada Trindade Católica, que nos protege de todo mal. Orixá é o nosso perfil psicológico.
Com isso, podemos asseverar com extrema precisão que, o êxtase ou o “transe” de Orixá é algo que vem de dentro. Não é algo que vem de fora... Não é algo que se recebe. Orixá é exalado... Expelido. Quando entramos em êxtase com nosso Orixá, nos tornamos um vulcão e o Orixá – seu magma.
Por isso, eu afirmo sem dúvidas e sem medo, que nós temos apenas um Orixá. Não temos juntó, nem terceiró, nem quateiró, nem quinteiró... Temos apenas um Orixá. Temos apenas um perfil psicológico (a não ser que a pessoa tenha dupla personalidade kk).
Então, iremos chamar o Orixá de DIVINDADE.
Agora... Falando sobre as energias exteriores, inicialmente iremos chamá-las de ENTIDADES.
Vejam que há uma grande, enorme diferença entre DIVINDADE & ENTIDADE. A primeira definição nos remete a compreensão de que – tal energia vem de fora... Uma energia exterior.
A umbanda foi fundada aqui no Estado do Rio de Janeiro, por Zélio Fernandino de Moraes, através do Caboclo Sete Encruzilhadas, com uma única finalidade: cultuar os nossos ancestrais... Cultuar as ENTIDADES.
Essas entidades as quais o caboclo se referiu são DENOTATIVAMENTE os nossos antepassados: Europeus, Ameríndios e Africanos.
As entidades européias ficaram conhecidas como “Padrinhos e madrinhas “ – os vulgos “Exus Catiços e Pombagoras”.
As entidades locais: os ameríndios – ficaram conhecidas como “caboclos e caboclas”.
Os africanos como os “pretos-velhos”.
No culto tradicional referente ao candomblé, não temos somente a devoção pelos Orixás. Temos também a devoção por nossos ancestrais, conhecidos como “Babás Egúngúns”.
Pra quem não sabe, a palavra “Ègún” significa “Osso”. Não necessariamente para representar um cadáver, mas sim, para dizer conotativamente que os ancestrais são a estrutura de nossas vidas, assim como os ossos são as estruturas de nosso corpo.
Então, na minha opinião, sem dúvidas alguma – todos e quaisquer candomblecistas podem sim cultuar os nossos ancestrais.
Só que acontece uma coisa: nenhuma passagem Ioruba, em seus ensinamentos, fala sobre a possessão de energias exteriores para dentro de um Orí. Fala sim sobre o culto, mas não menciona a tal incorporação.
Sim, os ancestrais existem. A incorporação deles não.
Como eu havia dito antes, o nosso Orí é um conjunto de características próprias e inalienáveis. Não acredito em incorporação.
É extremamente formidável que se saiba separar essas energias.
Orixá... DIVINDADE vem de dentro e é apenas um. Para vida toda. Apenas um!
Ancestral, ENTIDADE influencia... Vem de fora... É exterior. É a energia de outra pessoa que morreu na matéria.


por: Brad Pághanni

As Entidades na Umbanda e Falanges


Entidade é o nome dado a todos os espíritos que estão em uma faixa de vibração astral, boa para o trabalho na Umbanda. Conforme seu grau de evolução espiritual, esses espíritos são levados a fazer parte de uma falange (agrupamento de espíritos), a fim de atuarem, aprenderem e evoluírem espiritualmente. Lá eles permanecem até a possível volta para uma reencarnação ou a evolução para um plano espiritual superior.
Falange é um agrupamento de mais de 400 mil espíritos, que atuam em um determinado plano espiritual, ou seja, em uma determinada faixa de vibração.
Existem entidades de Alta, Regular e Baixa, faixa vibratória, e por isso elas se dividem em vários grupos: Falangeiros de Orixá, Caboclos, Pretos Velhos, Exus, Pomba-Giras, Ibeijadas e demais entidades que atuam de formas diversas. Cada falange recebe o nome de seu chefe e cada espírito dentro desta falange, atende por este mesmo nome.
Quando um médium trabalha com uma determinada entidade, ele não trabalha com um único espírito. O que ocorre é que todos os espíritos que constituem aquela determinada falange, têm uma única tônica de vibração com a qual penetram na faixa vibratória do médium, à razão de um por segundo, mantendo assim a sintonia durante todo o período que dura uma comunicação. Em outras palavras, os espíritos não trabalham isoladamente, mas "em falange", todos numa única vibração.
Embora não seja muito comum, é possivel acontecer que um mesmo espírito, embora seja uma só vibração, venha em diversas falanges, com diferentes nomes, conforme sua missão espiritual. Um espírito de certo grau de evolução pode se desdobrar na vibração, ou seja, aumentá-la ou diminuí-la, obviamente que dentro de um certo limite preestabelecido. Desta forma, essa entidade pode se apresentar ora numa faixa, ora em outra. Por exemplo: Se ela atua normalmente sob a linha do Oriente, pode num desdobramento de vibração, apresentar-se na forma de um caboclo, embora conserve também suas características essenciais.
Necessário também é, compreender-se à diferença entre hierarquia terrena e evolução espiritual. Algumas pessoas pensam que a posição hierárquica de uma entidade corresponde à sua posição na vida física anterior. Isto não corresponde à verdade porque as falanges não se agrupam conforme as raças ou costumes da vida terrena, mas sim de acordo com o grau de evolução espiritual e afinidade vibratória.
Desta forma, um espírito pode se apresentar, por exemplo, como um caboclo, apenas para ter um melhor acesso a um médium e a seus consulentes.


MACUMBA!

Macumba, macumbeiro, encosto, olho gordo, mal olhado, mandinga, etc. etc. etc. São tantas as palavras para designar as más energias… e as boas energias? Não se fala Boacumba, bomcumbeiro, olho magro, bom olhado, boandinga… Essas eu realmente não ouvi.
Percebo como o homem tem um “lócus de controle externo”. Afinal, é muito mais fácil acreditar que não temos erros e que a culpa é do encosto.
- Não tenho emprego, meu chefe me persegue, minha mulher é uma bruxa, sou bêbado, os caminhos estão fechados (essa todo umbandista já ouviu). Tudo isso é culpa do tal encosto.
Poderosos esses encostos…
Nós esquecemos do nosso livre e arbítrio. Esquecemos que somos imperfeitos.
Esquecemos que erramos. Esquecemos que estamos vivos para aprender, crescer em direção ao Criador. Esquecemos que podemos errar. “Errar é humano!”. Colocar a culpa “nos outros” é feio…
Certamente existem os trabalhos feitos. As famosas macumbas – diga-se de passagem, macumba é um instrumento musical – são simplesmente “bombas” energéticas endereçadas e programadas para estourar para quem desejamos o mal.
Despachos, galinhas pretas, nome na boca do sapo, fitas amarradas nas vísceras de alguns animais. A imaginação desses “pais-de-encosto” é fértil! Haja criatividade, tempo e pessoas incautas que se prestam a pagar por esse tipo de “trabalho forte”.
Esquecem-se que a maior magia vem do coração, da alma, do pensamento. Magia é fazer orações para alguém parar de beber. É clamar por melhores condições no emprego (e claro, trabalhar também), é tentar convencer de que algo é melhor ou pior.
A magia está no pensamento, a nossa vontade. A pior “macumba” é aquele pensamento fixo em prejudicar alguém. Muito mais forte que qualquer trabalho encomendado.
Outro dia, Pai Joaquim do Cruzeiro das Almas, com seu jeito inerente a todo preto-velho, apenas disse: “Filho, cada pensamento ruim contra alguém, é como se fosse um pedaço de carvão que você pega e tenta atirar num pano limpo, que está colocado longe de você. Ao terminar de atirar várias pedras de carvão, você vai estar mais sujo que o pano.”
Em outra ocasião perguntaram a ele se macumba pegava. A resposta: “Se o pano estiver muito próximo de quem está atirando o carvão, então mais sujo ele vai ficar…”
Acho que essas palavras simples e sábias podem esclarecer o que devemos fazer para ficarmos imunes as energias de baixa freqüência.
Devemos deixar o “pano” longe do carvão. Elevar nossos pensamentos, permanecer ligados ao Grande Mestre. Trabalhar nosso “lócus de controle interno”. Reconhecer nossas limitações e tentar eliminá-las. Viver na alegria. Cantar em dias ensolarados. Correr na chuva. Rir, abraçar, beijar, sentir saudades, comemorar, sentar na praia, conversar com os amigos. Fazendo isso, estamos fazendo um trabalho forte. Um trabalho FORTE (com letras maiúsculas). Fechando nosso
corpo das “macumbas”. Quebrando trabalho de feitiçaria “braba”!
Simples não?
Sérgio Kunio Kawanami
Grupo Espiritualista Caboclo Pena Azul
Curitiba – PR


Catarinenses se mobilizam para denunciar racismo e assédio

Florianópolis/SC - Lideranças negras de Santa Catarina, com o apoio e o envolvimento do movimento sincial, começarão a fazer o monitoramento sistemático e a denúncia dos casos de assédio moral e discriminação racial no mercado de trabalho da Grande Florianópolis, Santa Catarina. 
A iniciativa começou a ser discutida nesta quarta-feira (26/10), numa reunião organizada pela Secretaria da Igualdade Racial da Central Única dos Trabalhadores de Santa Catarina, Maria das Graças Gomes Albert. A reunião contou com a presença do secretário de Políticas Sindicais do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia (Sinergia), Wilson Martins Lalau, de Estácio da Rosa Filho, do Sindicato dos Municipários de Florianópolis (Sintrassem), de Vera Lúcia da Silva, do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina (Sindiprevs), e de Vera Maiorka Sassi, do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal de Santa Catarina (Sintrafesc).
A iniciativa que, segundo Maria das Graças (que é também presidente do Sintrafesc), vem sendo uma preocupação constante do movimento sindical, foi tomada depois da denúncia da secretária bilíngüe e professora negra, Naida Rosane Marques, exonerada do Serviço Social da Indústria (SESI), ligado a Federação das Indústrias (FIESC), após 28 dias de trabalho em que foi vítima de racismo e assédio moral praticado por seus chefes imediatos.
Nova reunião
“Você não está só”, anunciou a líder sindical do Sintafesc, acrescentando que, nos próximos dias, se reunirá com outros dirigentes, inclusive da CUT, para decidir que medidas serão tomadas. O advogado Dojival Vieira participou da reunião a convite dos dirigentes catarinenses.
A secretária move ação trabalhista pedindo a reintegração, o pagamento dos atrasados e danos morais na Justiça do Trabalho e, com o apoio do movimento negro e do movimento sindical, anunciou que pedirá a instauração de Inquérito Policial para que a Polícia apure a violação de vários artigos do Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010).
Entre esses artigos estão o 60, que alteraram dispositivos da Lei antirracismo – Lei 7.716/89 – a Lei que proíbe demissão por discriminação no serviço público (9.029/95) e a Lei Maria da Penha.
Boletins de Ocorrência já foram registrados sobre o caso após a demissão na Polícia Civil catarinense, porém, até o momento o Inquérito não foi instaurado para apurar os nomes dos autores e que crimes cometeram.
Racismo
Segundo Lalau, situações como as vividas pela secretária Naida Rosane, de racismo e assédio moral nos ambientes de trabalho “ocorrem rotineiramente, quase que diariamente. 
“O racismo no Brasil é sutil e dissimulado, mas é estrutural. O crime de racismo atinge toda a população negra. Estamos em contato com os movimentos sociais e com a própria CUT que está aglutinando os sindicatos. O caso de Naida tem características de Assédio moral e racismo, praticados por um órgão da poderosa FIESC. Estamos fazendo o movimento com a finalidade denunciar essa questão”, afirmou Lalau, em entrevista ao Floripa em Foco, da TV Floripa, a emissora comunitária de Santa Catarina.
Denúncia
Segundo Naida, as dificuldades enfrentadas começaram antes mesmo de ser contratada quando, sendo a única classificada em concurso público, foi considerada “não aprovada” e só pôde ser admitida após entrar com recurso.
No dia 14 de março, finalmente passou a trabalhar, porém, encontrou um ambiente hostil e acabou sendo exonerada após 28 dias, no dia 12 de abril. 
“Passei toda a situação de excecração e indiferença. Foi uma verdadeira tortura psicológica. Não tive direito a nada, nem a desenvolver as minhas atribuições. Como secretária executiva a informação é básica, então, no meu e-mail não havia nenhuma informação para que eu pudesse trabalhar. O certame era para ser secretária executiva e assessorar a diretoria, mas queriam que eu ficasse submissa a uma gestora colocada por eles e até o meu registro de ponto ligado a isso. Eu não tinha acesso absolutamente a nada, nem ao meu material de trabalho”, contou a secretária.


Nem sempre são chifres que colocam na sua cabeça!


Existe um ditado popular que diz o seguinte: "Chifre é uma coisa que colocam na sua cabeça", essa frase tem um sentido dúbio, ou seja, por um lado deseja acalmar o possível corno, indicando que as suas desconfianças são infundadas, por outro lado, pretende lembrar que se alguém o é, foi porque a pessoa amada lhe traiu.
Piada a parte, em qualquer religião encontramos diversas coisas que são colocadas nas cabeças dos adeptos e que é aceito por eles sem ao menos se questionar a sua validade, se é certo ou errado etc.
No movimento umbandista, não é diferente, encontramos um grande número de chifres, travestidos de ensinamentos, orientações, doutrinas, ritos, liturgias etc., que são colocados nas nossas cabeças e nós aceitamos passivamente sem pensar ou refletir sobre o assunto.
Dogmas(1) de Fé, assim como no Catolicismo (ex.: a virgindade de N. Senhora), facilmente encontramos no movimento umbandista diversos assuntos que são tratados de forma dogmática(2) e passado para os filhos-de-santo como verdades inquestionáveis(3).
Muitas vezes esses dogmas ou assuntos inquestionáveis, são histórias oriundas(4) em um passado distante e perpetuadas pela tradição oral(5). Outras vezes são assuntos nascidos por conta de superstições(6) que de tanto serem repetidos acabam se transformando em verdades e aceitos por muitos filhos-de-fé.
Por outro lado, existem as coisas impostas através da autoridade de quem as transmitem, geralmente os dirigentes de terreiros (Pais/Mães de Santo), estejam ou não incorporadas com suas entidades espirituais.
Podemos, é claro, aceitar determinadas coisas por um certo tempo, até que tenhamos as condições de questioná-las, ou seja até reunirmos conhecimento e/ou experiência suficiente para realizarmos uma análise, uma crítica pessoal, avaliarmos e decidirmos se devemos ou não aceitar e adotar o que estão nos orientando, aconselhando, ensinando ou impondo.
A Fé cega aceita tudo sem pensar. A Fé racional é aquela que possibilita aceitarmos aquilo que nós conseguimos entender, pesar e definir a real importância para nossas vidas materiais e espirituais. Isso não significa dizer que devemos agir como Tomé, ver para crer, mas sim que analisemos tudo e somente aceitemos o que a nossa evolução espiritual, nesse momento permite adotarmos como verdades. Eu digo nesse momento, pois se falamos em evolução, estamos falando de algo que não é estático (parado), mas de um processo dinâmico, que se modifica, quando alteramos ou sofremos uma alteração na nossa realidade, quando aprendemos coisas novas, adquirimos novas experiências etc., logo temos uma opinião sobre algum assunto hoje, e podemos em seguida, diante de uma nova visão ou devido a determinadas circunstâncias alheias a nossa vontade, mudarmos totalmente de idéia a respeito.
A Umbanda deseja que todos os filhos-de-fé, se equilibrem no chão com os seus próprios pés, andem com suas pernas, pensem e raciocinem por si mesmos e sejam todos senhores de suas evoluções espirituais.
Pais/Mães-de-Santos, são apenas facilitadores para que alcançemos esta condição. Acontece que deixamos ser confundidos e permitimos que eles nos façam totalmente dependentes deles. Quando eles não são sérios, íntegros e conscientes dos seus papéis de facilitadores e das suas funções de dirigentes, se aproveitam da situação e perpetuam essa dependência indefinidamente, não nos libertando nunca.
Somos então aprisionados psíquica, emocional e psicologicamente. Aceitamos todas as "verdades" que nos impõem, deixamos de viver nossas vidas para incorporarmos a vida dos outros, respondemos as necessidades alheias antes das nossas e do nossos ente queridos, passamos espiritualmente e até materialmente a comer, a beber e a respirar das migalhas que nos ofertam, migalhas, pois nunca será uma porção suficiente que permita o nosso desenvolvimento para alcançarmos a nossa independência espiritual, que já tinhamos e que acreditamos não ter mais a não ser por via deles (Pais/Mães-de-Santo).
Muitos filhos-de-fé se tornam fanáticos, muitos se obsidiam, muitos se perdem, outros tantos se viciam e finalmente poucos conseguem manter a sua integridade para na decepção conseguirem se levantar novamente. Isso é o ponto máximo que chegamos quando realizamos o caminho de deixarem ser colocados chifres em nossas cabeças e nos abrimos para uma total depedência em nossas vidas.
Descobrimos tarde de mais, que nem sempre são chifres que colocam em nossas cabeças.
- Orixá é energia e/ou força da natureza.
- As histórias dos Orixás são verdadeiras.
- Médium bom é inconsciente.
- Quando a entidade bebe incorporada, o efeito do álcool é levado por ela ao despertar o seu médium.
- É possível se "cortar" ou "afastar" a mediunidade de alguém.
- Orixá castiga e abandona (vira as costas) para os seus filhos.
- Os Orixás brigam entre si ou tem desavenças uns com os outros.
- Se você pode dar ouro ao seu Orixá, não dê prata ou cobre.
- É possível se "prender" ou "amarrar" o anjo de guarda de alguém.
- Todo caboclo foi índio, todo preto-velho foi escravo, toda pomba-gira foi prostituta ou teve vida similar etc.
- Exú é um demônio e seu chefe é o Maioral.
- Orixá come e bebe.
- Quanto mais o médium estrebuchar para incorporar, melhor será a sua incorporação.
Deseja contar alguma história relacionado a esses temas? Faça um comentário no artigo correspondente. Ou envie a sua história para o e-mail.

Glossário:
(1) Dogmas - ponto fundamental de uma doutrina religiosa, apresentado como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar.
(2) dogmática - exposição intelectual e sistemática dos dogmas e/ou doutrinas religiosas de modo a formar um conjunto coerente.
(3) inquestionáveis - que não se pode questionar, duvidar e criticar.
(4) oriundas - originadas, que teve origem de algum lugar.
(5) tradição oral - comunicação oral de fatos, lendas, ritos, usos, costumes etc. de geração para geração.
(6) superstições - crenças ou noções sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inofensivas, a depositar confiança em coisas absurdas, sem nenhuma relação racional entre os fatos e as supostas causas a eles associadas; crendice, misticismo.



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O segredo de Oxum




O nascimento de um rio não acontece quando a água brota do solo e segue pela superfície da terra. Antes disso, uma seqüência de fatos desencadearam e influenciaram esse processo. Existe por traz do nascimento de um rio um enorme fundamento.

Primeiro, Olorum através do Sol, aquece a água dos lagos e oceanos. Oxumarê com seu arco-Íris, leva a água em forma de vapor para as nuvens que ficam carregadas. OxumaréXangô anuncia com seu trovão, que Iansã está juntando ás nuvens com o vento mágico que surge quando ela balança suas saias. Quando as nuvens estão todas arrumadas, Xangô lança o Edun-Ará (pedra de raio) sobre a terra avisando a Odudúa que prepare seu ventre, pois a chuva irá cair. Ossãe pendura suas cabaças em Iroko para conter o líquido maravilhoso da vida.

O momento sublime acontece. Numa sintonia perfeita de toda a natureza, a chuva cai, trazendo consigo toda força do céu e alimentando toda a terra. Odudúa absorve todo o líquido e cria um enorme lago no interior da terra, seu ventre. Quando a água acumulada se enche de força mineral (axé), Odudúa abre seu ventre e da vida à majestosa Oxum, que brotará do solo e deslizará sobre seu leito levando vida por toda a superfície da terra. Mais a frente água se acumulará de novo e tudo começará novamente.

Assim como a vida de Oxum tem o seu segredo, nós negros e negras também temos o nosso. A nossa história não começa em 1500 com a chegada dos portugueses no Brasil. IemanjaAntes disso, uma seqüência de fatos marcaram e até hoje influenciam nossas vidas. Existe por traz do aparecimento do povo negro no Brasil um enorme fundamento.
Não somos descendentes de escravos, como dizem os livros escolares. Somos descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e poderosos. Somos descendentes de reis, rainhas, príncipes e princesas. Somos parentes de homens e mulheres que desenvolveram a escrita, a astrologia, a numerologia, às ciências e as pirâmides. Somos fruto de um povo que desenvolveu as técnicas agrícolas e que domina a medicina alternativa. Somos fruto de um povo que conhece as folhas e como despertar o poder delas, nosso povo sabe estar no Aiyê (Terra) sem perder a essência do Orum (Céu). 

Matéria de Ricardo Andrade
Publicada na Edição 11 do Jornal Folha Popular

Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã



Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã

Chegando de viagem a aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixas.
Obaluaê não podia estar na festa, devido a sua medonha aparência.
Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Ogum ao perceber a angustia do orixa, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado Obaluaê entrou, mas ninguem se aproximava dele.
Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho.
Ela compreendia a triste situaçao de Obaluaê e dele se compadecia.
Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.
O xirê estava animado.
Os orixas dançavam alegremente com suas equedes.
Iansã chegou então bem perto dele e soprou sua roupas de mariô, levantando as palhas que cobria sua pestilência.
Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipoca, que se espalharam brancas pelo barracão.
Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem, num jovem belo encantador.
Obaluaê e Iansã Igbale tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espiritos, partilhando o poder unico de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os humanos.
Esta pequena história nos deixa uma grande lição! as vezes por maior que nos pareça nossos problemas temos de estoura-los e transforma-los em pipoca....
Saudação- Atotô Obaluaê

Candomblé x Umbanda




O inicio

A história das religiões afro-brasileiras começa ainda no séc XVI quando a cultura canavieira passou a importar mão de obra escrava (o resto e os pormenores dessa história creio que vcs já conheçam)...
Os negros que foram trazidos como escravos para o brasil vinham de várias regiões diferentes da ífrica "desde Cabo Verde percorrendo a costa africana até ao Reino do Congo, Quí­loa e o Reino grande Zimbabwe." Essa diferença regional dos negros também era acompanhada de diferenças religiosas, culturais e lingí¼í­stica.
Ao chegarem no Brasil os negros de vários reinos e tribos diferentes foram misturados entre sí­ (se não me engano como estratégia para evitar a organização intelectual deles) e foram distribuí­dos nos principais portos do brasil naquela época: São Luiz, Recife, Bahia e Rio de Janeiro.
Após serem misturados entre sí­ os negros tiveram de aprender a se comunicar entre sí­ (regiões diferentes = idiomas diferentes), a conviver entre sí­ e assim adaptaram suas linguagens e seus cultos.

Há muita discussão em torno das origens e da posse dos Orixás.
De quem é o poder sobre os Orixás.
Eles são divindades do Candomblé ou da Umbanda?
Muito se houve por ai sobre o que são e de onde provém os Orixás.
Quem nunca ouviu, dentro dos terreiros de Umbanda, algum filho que mesmo tendo optado pela iniciação na Umbanda, a seguinte frase:
- Meus Orixás são de nação!
O que seriam Orixás de nação?
Para respondermos a essa pergunta precisamos saber o que quer dizer ou o que representa a palavra Orixá.
Pesquisando um pouco sobre o assunto, apesar das diversas discussões sobre a origem e do que são feitos, poderemos notar aspectos básicos sobre estas divindades que não podem deixar de ser respeitadas em hipótese alguma.
1º - São de Origem Africana.
2º - Apesar de sincretizados não são santos católicos.
3º - Não possuem imagens, não pelo menos as dos santos católicos que os sincretizam.
4º - Não são anjos enviados por Deus para nos proteger.
5º - Não são vingativos.
6º - Em pesquisas foram encontrados mais de 400, apesar de no Brasil cultuar-se, normalmente, cerca de 20 apenas.
7º - Todos são de alguma nação, pois é assim que se passaram a designar-se as etnias ou povos africanos quando vieram para o Brasil, os quais louvavam e cultuavam suas divindades dentro de suas características particulares. Aqui se denominaram Keto, Angola, Jeje, etc...
8º - São considerados forças míticas criadas por Olorum, ancestrais divinos dos homens, ou pelo menos divinizados, isso quer dizer que opõem-se diametralmente ao conceito de Egum, os quais são seres espirituais, ou seja, tiveram vida humana.
Os Orixás, apesar de apresentarem lendas de suas vidas humanas, não são considerados como tais, se fossem seriam Eguns e isso decididamente não passa pela cabeça de nenhum iniciado no culto a eles. Consideram que mesmo sobre os que se contam lendas humanas, não passaram pelo processo de desencarne natural, ou seja não morreram. Por algum motivo extremamente forte, sentimentos, sofrimentos, lutas, transformaram-se em Orixás, como num encantamento.
Orixás são considerados forças da natureza e não homens!
Vejamos então:
Será que na Umbanda não há Orixá?
É óbvio que há!
Orixá de uma maneira genérica é considerado como nosso pai espiritual, um verdadeiro ancestral divino. De acordo com o sentimento do culto, todos os homens tem um Ori (cabeça) e sobre ele rege um Orixá principal, sendo assim, mesmo que a pessoa seja Católica, Evangélica, Budista ou de qualquer outra religião, terá um Orixá pessoal.
A maneira pela qual eles são cultuados é que dá o tom da Umbanda ou Candomblé!
O sincretismo ajuda muito nesta confusão. Muitos acabam afirmando serem filhos de São Jorge ou de Santa Bárbara pelo sincretismo com Ogum e Iansã.

Existe uma barafunda geral, na cabeça das pessoas com relação a religião, cada um faz a sua como bem quer ou como bem entende que deva fazer (a tal da verdade absoluta) o que o guia do babá ou da babá de terreiro disser, é que é o certo e pronto. (???)

Toda religião é boa, desde que não seja usada para ludibriar as pessoas ingênuas e crédulas. Toda pessoa precisa acreditar em alguma coisa, ter fé, mas também precisa ter o bom senso de desconfiar de vez em quando, nem tudo o que vemos e ouvimos é o que parece ser sempre. 

Lembrando que...
Independente das religiões, o ser humano é dotado, uns mais outros menos, de poderes paranormais ou seja vidência, audiência, telepatia, telecinese e outros, até poder de cura através das mãos, (que a pessoa já nasce com eles sem fazer parte de nenhuma religião, muitos morreram nas fogueiras por terem tais poderes, eram chamados de bruxos, na idade média), que infelizmente são usados através de religiões, com finalidades nem sempre honestas.

Se em cada esquina tiver um centro de umbanda, e formos perguntar como funciona, vamos verificar que cada um funciona de acordo com a cabeça do dono da casa, e não de acordo com o que dita as regras gerais do que deva ser um centro de umbanda.



O candomblé é uma religião iniciática, que apesar de bem deturpada, tem seus fundamentos nas religiões tribais africanas (milenares) trazidas pelos escravos para o Brasil. E com eles vieram os orixás africanos, todos negros, sem mistura de credo, pois não conheciam as religiões católica e espírita nem de longe (os escravos).

A umbanda foi criada por volta de 1900, não se sabe exatamente a data, no Rio de Janeiro, onde o primeiro babá de terreiro criou as regras, ou foram ditas por seus guias, assim foi criada a umbanda, que hoje. 
A umbanda não é iniciática, portanto não tem feitura de orixá. As entidades que incorporam na umbanda não são orixás, são guiasMesmo que continuemos a cultuar o sincretismo, principalmente na Umbanda que já nasceu sincrética, temos que saber que Oxalá é um Orixá Africano e que apesar de sincretizado com Jesus, não é o Cristo Nazareno.
No candomblé tem gente feita de santo que continua virando com guias de umbanda, isso não é novidade, é até muito freqüente de se ver. Assim como na Umbanda temos pessoas recebendo Orixas...
-O Candomblé fundamentado em seus cultos, faz como um nascimento daquele Orixá e ele passa a residir naquele Ori.
-Na Umbanda não há esta fixação material/espiritual feita naqueles rituais específicos, no entanto possuímos fundamentos, orientações e iniciação próprias, tão lindos e tão capazes quanto o deles, mas essencialmente diferentes.
Caboclos nos candomblés bantus
Tradicionalmente sempre existiu a presença do caboclo, mas é um caboclo diferente do que incorpora na umbanda, não dá pra confundir são totalmente diferentes.

Em resumo, ao longo do processo de mudanças mais geral que orientou a constituição das religiões dos deuses africanos no Brasil, o culto aos orixás primeiro misturou-se ao culto dos santos católicos para ser brasileiro, forjando-se o sincretismo; depois apagou elementos negros para ser universal e se inserir na sociedade geral, gestando-se a umbanda; finalmente, retomou origens negras para transformar também o candomblé em religião para todos, iniciando um processo de africanização e dessincretização para alcançar sua autonomia em relação ao catolicismo. Nos tempos atuais, as mudanças pelas quais passam essas religiões são devidas, entre outros motivos, à necessidade da religião se expandir e se enfrentar de modo competitivo com as demais religiões. A maior parte dos atuais seguidores das religiões afro-brasileiras nasceu católica e adotou a religião que professa hoje em idade adulta. Não é diferente para evangélicos e membros de outros credos.

Falangeiros do Pai Ogum

Falangeiros de orixás ou simplesmente Falangeiros são os representantes diretos de cada Orixá.
Não são espíritos, mas sim a própria vibração do Orixá. Diferem-se dos capangueiros (estes sim, espíritos desencarnados, com luz e sabedoria) que trabalham para determinado Orixá.
Para melhor entendimento os falangeiros são as qualidades dos Orixás, exemplo:
  • Ogum (Orixá) + Beira-Mar (qualidade do Ogum que trabalha à Beira do Mar em sintonia com Iemanjá e Xangô) = Ogum-Beira Mar.
Este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.

  • Ogum (Orixá) + Sete Ondas (qualidade de Ogum que trabalha em Alto-mar em sintonia com o povo do mar) = Ogum Sete Ondas.
Este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquistas diplomáticas.
  • Ogum (Orixá) + Pedreira (qualidade de Ogum que trabalha nas pedreiras e cachoeiras) = Ogum da Pedreira, Ogum das Sete Pedreiras, Ogum da Cachoeira, etc.
Este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a assuntos relacionados a Justiça.
  • Ogum (Orixá) + Megê (qualidade de Ogum que trabalha na Linha das Almas) = Ogum Megê das Almas.
Este desdobramento de Ogum, gerado pela união dos elementos terra (Omulu) e fogo, está presente nos assuntos atinentes a desmanche de magia.

  • Ogum (Orixá) + Matinata (regência da Lua, noite e madrugada em sintonia com Oxalá) = Ogum Matinata. Está relacionado a regências.
  • Ogum (Orixá) + de Lê (qualidade de Ogum mesclado com Xangô, trabalha com a Lei) = Ogum de Lê. Este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a execução de justiça.
  • Ogum (Orixá) + Rompe-Mato (qualidade de Ogum mesclado com Oxóssi, desbravador, caçador) = Ogum Rompe-Mato.
Este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
  • Ogum (Orixá) + de Ronda/Naruê (guardião e vigilante dos caminhos em sintonia com Exú) = Ogum de Ronda, Ogum Naruê etc.
Está relacionado a rondar, proteger, guardar e previnir.
Já os capangueiros são principalmente os (caboclos), exemplo:
  • Caboclo Rompe-Mato (anda junto a Ogum Rompe Mato);
  • Caboclo Beira-Mar (anfa junto a Ogum Beira Mar).
Axé
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ORAÇÃO A OGUM

EU PEDI A OGUM

Eu pedi a Ogum, para retirar os meus vícios.
Ogum disse: Não!
Eles não são para eu tirar, mas para você desistir deles.
Eu pedi a Ogum , para fazer meu filho aleijado se tornar completo.
Ogum disse: Não!
Seu espírito é completo, seu corpo é apenas temporário
Eu pedi a Ogum para me dar paciência.
Ogum disse, Não!
Paciência é um subproduto das tribulações; Ela não é dada, é aprendida.
Eu pedi a Ogum para me dar felicidade.
Ogum disse: Não!
Eu dou bênçãos; Felicidade depende de você.
Eu pedi a Ogum para me livrar da dor.
Ogum disse: Não!
Sofrer te leva para longe do mundo e te traz para perto de mim.
Eu pedi a Ogum para fazer meu espírito crescer.
Ogum disse: Não!
Você deve crescer em si próprio! Mas eu te podarei para que dês frutos.
Eu pedi a Ogum todas as coisas que me fariam apreciar a vida.
Ogum disse: Não!
Eu te darei a vida, para que você aprecie todas as coisas.
Eu pedi a Ogum para me ajudar a AMAR os outros, como Ele me ama.
Ogum disse: . Ahhhh, finalmente você entendeu a idéia.. Muita Luz!


São Cipriano, a verdade.


Muito se fala sobre São Cipriano mas poucos conhecem a história e a representação deste personagem tão controverso e tão misterioso. Muitos procuram os conhecimentos mágicos de São Cipriano mas poucos conhecem sua mais poderosa magia. Muitos pedem a São Cipriano mas poucos entendem seu real poder transformador. Portanto, hoje quero falar um pouco sobre a figura de São Cipriano e sua importante representação para a nossa Umbanda. Vamos lá:
Tascius Caecilius Cyprianus, nasceu na cidade de Antioquia, na Turquia. Foi nesta cidade que, quando o Cristianismo era apenas uma pequena seita religiosa, Paulo pregou o seu primeiro sermão numa Sinagoga, e foi também ali que os seguidores de Jesus foram chamados de Cristãos pela primeira vez.
Antioquia era a terceira maior cidade do império romano, conhecida pela sua depravação. Nesta metrópole conhecida por “Antioquia, a bela”, ou a “rainha do Oriente”, tal era a beleza da arte romana e do luxo oriental que se fundiam num cenário deslumbrante, a população era maioritariamente romano-helênica, e o culto dos deuses era a religião oficial. Alguns dos cultos religiosos estavam associados a deusas do amor e da fertilidade, pelo que a lascívia, perversão e a libertinagem eram famosas nesta cidade.
Foi neste ambiente religioso e cultural que Cipriano nasceu em 250 d.e.c., filho de Edeso e Cledónia. Nutria uma verdadeira vocação e gosto pelos estudos místicos e religiosos, sendo admitido num dos templos sagrados da cidade para realizar os seus estudos sacerdotais e místicos. Entrou assim em contato com as ciências ocultas, e aprofundou afincadamente os seus estudos de feitiçaria, rituais sacrificiais e invocações de espíritos, astrologia, adivinhação etc, dedicando a sua vida ao estudo das ciências ocultas. Ficou conhecido pelo epíteto de “O Feiticeiro”, alcançando grande fama sendo reconhecido como um poderoso feiticeiro, capaz de grandes prodígios.
Por volta dos seus 30 anos Cipriano encontra-se na Babilônia, onde encontra a bruxa Évora. Estudando com ela, Cipriano desenvolve as suas capacidades premonitórias e outras matérias sobre as artes da bruxaria segundo as tradições místicas dos Caldeus. Após o falecimento da Bruxa Évora Cipriano herda os seus manuscritos esotéricos, dos quais extrai muito da sua sabedoria oculta.
Ao fim de algum tempo, Cipriano já domina as artes das ciências de magia negra contatando demônios. Diz-se que se tornou amigo intimo de Lúcifer e Satanás, para os quais conseguia angariar a perdição de muitas belas e jovens mulheres, o que muito agradava aos diabos, que em troca lhe concediam grandes poderes sobrenaturais.
Com esse poder infernal, Cipriano construiu uma carreira de bruxo com grande fama, produzindo grandes feitos, o que lhe valeu uma imprescindível reputação de grande feiticeiro. Muitas pessoas de todos os quadrantes geográficos procuravam os seus serviços místicos e os seus ganhos financeiros eram assinaláveis.
Cipriano foi autor de diversas obras e tratados místicos e era já um feiticeiro respeitado, reputado e temido quando foi contatado por um rapaz de nome Aglaide. O rapaz estava ardentemente apaixonado por uma belíssima donzela cristã de nome Justine. Sendo rico Aglaide rapidamente encontrou o consentimento dos pais de Justine quanto a um casamento com ela, contudo a donzela professava uma forte fé cristã e desejava manter a sua pureza oferecendo a sua virgindade a Deus. Por esse motivo Justine recusou-se a casar. Desgostoso, mas com forte determinação em possuir Justine, Aglaide encomendou os serviços espirituais de Cipriano.
Cipriano usou de toda a extensão da sua bruxaria para fazer Justine cair nas tentações carnais, que a levariam a oferecer-se para Aglaide e renunciar à sua fé Cristã.
Cipriano fez uso de diversos trabalhos malignos, contudo nenhum deles surtiu qualquer efeito. Para espanto de Cipriano todo o batalhão de feitiços que usava era repelido pela jovem rapariga apenas através do sinal da cruz e das suas orações. Acostumado a fazer belas moças cair na tentação da carne e assim levá-las a entrar pelos caminhos da luxúria, Cipriano não conseguia entender o que estava acontecendo. Ele encontrou muitas dificuldades e noite após noite visitava a jovem Justine com a sua infernal quantidade de feitiços. Nada resultou.
Cipriano desiludiu-se profundamente com as suas artes místicas que até então tinham funcionado tão forte e infalivelmente, para agora serem derrotadas por uma mera donzela com fé no Deus de Cristo. Aconselhado por Eusébio, um amigo seu, e observando o poder da fé de Justine, Cipriano converteu-se ao Cristianismo. Assim fazendo-o, o feiticeiro destruiu todas as suas obras esotéricas e tratados de magia negra, assim como ofereceu e distribuiu todos os seus bens materiais e riquezas aos pobres.
Depois de se converter, Cipriano ainda foi fortemente atormentado pelos espíritos de bruxas que o perseguiam, mas teve fé e assim afastou de si tais aparições que apenas pretendiam reconduzi-lo aos caminhos da feitiçaria. A fama de Cipriano era contudo grande e as noticias da sua conversão ao cristianismo chegaram à corte do Imperador Diocleciano que tinha fixado residencia na Nicomédia.
Cipriano e Justine foram perseguidos, aprisionados e levados ao imperador, diante do qual foram forçados a negar a sua fé. Justine foi despida e chicoteada, ao passo que Cipriano foi martirizado com um açoite de dentes de ferro. Mesmo com a carne arrancada do corpo a cada flagelação do chicote com dentes de ferro, Cipriano não negou a sua fé e Justine manteve-se sofredoramente fiel a Deus.
Perante a recusa de Cipriano e Justine em renunciar à sua fé, o imperador os condenou à morte sendo decapitados em 26 de Setembro de 304 d.e.c., juntamente com um outro mártir de nome Teotiso. Aceitaram a sua execução com grande fé e serenidade, tendo falecido com coragem e dignidade. Os seus corpos nem sequer foram sepultados, e ficaram expostos por 6 dias. Foi um grupo de cristãos que, comovidos pela barbaridade, recolheu-os.
Mais tarde, o imperador cristão Constantino (272 – 337 d.e.c. ) ordenou que os restos mortais de Cipriano fossem sepultados na Basílica de São João Latrão, localizada em Roma, que é a catedral do Bispo de Roma, ou seja: o papa. Foi na “Omnium Urbis et Orbis Ecclesiarum Mater et Caput” (mãe e cabeça de todas as igrejas do mundo) que São Cipriano, o santo e mártir, encontrou o seu eterno repouso.
Todo percurso de São Cipriano é um verdadeiro hino à vida no esplendor da sua existência: do diabo a Deus, dos demônios aos anjos, da feitiçaria à fé crista, da magia negra à magia branca, em tudo São Cipriano mergulhou, estudou e viveu. Do pecado à virtude, da luxúria à santidade, da riqueza à pobreza, do poder à martirização, se alguém é digno de um percurso de existência completo, rico e enriquecedor, eis que este santo assim o representa.
Controverso e polêmico, São Cipriano é a própria noção de evolução espiritual através da profunda vivência das mais diversas realidades espirituais (do mais profano excesso, à mais sacrificada ascese) encontra corpo na vida e obra deste feiticeiro e mártir.

E VOCÊ SABIA que a Linha das Almas ou Linhas dos Pretos-Velhos também é conhecida como Linha de Yorimá ou Linha de São Cipriano e que dentro dessa linha de trabalho encontram-se pretos-velhos com o nome simbólico de Pai Cipriano?
Veja só, a Vibração de Yorimá é a Potência da Palavra da Lei, Ordem Iluminada da Lei, Palavra Reinante da Lei. Esta Linha ou vibração é composta pelos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações, são verdadeiros magos que usam da roupagem fluídica de Pretos Velhos, ensinando as verdadeiras “mirongas” sem deturpações. São os Mestres da Magia e experientes devido às seculares encarnações.
Esta Linha, que ora se diz como linha dos Pretos-velhos, ora como dos Africanos, de São Cipriano, das Almas, tem como Chefes principais Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de Aruanda, Mãe Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim. São entidades muito evoluídas que há vários milênios encarnaram e desencarnaram adquirindo, assim, muita experiência no dia a dia da humanidade. Eles são a DOUTRINA, a FILOSOFIA, Mestrado da Magia, em fundamentos e ensinamentos.
Os Preto-Velhos da Umbanda representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam pois curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado. Com seus cachimbos, fala pausada, tranquilidade nos gestos, eles escutam e ajudam aqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e religião.
Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores onde foram negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam, escolheram ou foram escolhidos para voltar à Terra em forma incorporada de preto-velho.
Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor, Amor a Deus e a Você mesmo.
Tenha certeza, assim como a transformação que ocorreu na vida de São Cipriano, os Pretos Velhos transformam a nossa vida se houver Amor.
É incrível o poder que o Amor, e consequentemente nossos queridos Pretos Velhos, tem de transformar as pessoas.
É absolutamente incrível a transformação que os Pretos Velhos são capazes de fazer na vida, no íntimo e no envolta das pessoas.
É absurdamente incrível como o amor, simples e puro, é capaz de transformar.
Triste daquele que ainda não sabe amar. Triste daquele que ainda não conhece esse poder. Triste daquele que ainda não foi tocado pelo Amor de um Preto Velho!
“Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade, mas se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS”
Pai Cipriano através do médium Etiene Sales 09/97