domingo, 10 de abril de 2011

NO VALE DAS SOMBRAS


No Vale das Sombras ele caminha com desenvoltura. Não teme, mas é temido.
Muitos dos que estão ali sequer conseguem vê-lo. Os que podem o evitam. Sua presença naquele mundo inspira sentimentos ambíguos: esperança e medo. Sim algumas daquelas almas caídas nutrem uma esperança de serem salvas por Ele e sua falange. Outras sabem que podem ser levadas cada vez mais para dentro do Vale. Uma vez lá, o sofrimento será maior. Neste mundo a escuridão impera. Vez ou outra, “relâmpagos” cruzam o ambiente. Não são relâmpagos comuns, pois não emitem a mesma luz. Parecem quererem mostrar a silhueta dos que padecem nestas terras.
Ele não está ali para julgar aquelas pobres almas. Também não pode se preocupar com seus dramas. Sabe que se estão ali já foram julgadas. Muitas eram pessoas importantes na vida terrena. Detinham o poder, quer seja na política, na vida empresarial e mesmo nas diversas religiões. Por isso mesmo eram agora seus “hóspedes”. Usaram do poder para prejudicar seus semelhantes, abusaram, exploraram, se locupletaram. Achavam que estavam acima de todos…acima da lei. Muitas foram enterradas com pompas e glórias. Estavam mesmo acima da lei. Acima da lei dos homens, mas foram facilmente alcançadas pela Lei Maior. Neste mundo em que se encontravam agora, dinheiro, poder, beleza, de nada lhes valeriam. Choro, gritos, desespero, são a tônica por aqui.
Ele tem um trono naquele mundo. Sua Falange lhe trás noticias sobre cada uma daquelas almas. As que chegaram recentemente, as que estão ali há séculos. Quando uma delas está pronta para partir para outros mundos, é Ele quem autoriza a entrada dos “da Luz”. Com alegria ele lhes entrega as almas liberadas. Com tristeza acolhe as que chegam. E são tantas as que chegam e tão poucas as que se vão… Na Terra ele também possui médiuns que o recebem com carinho e dedicação. Uma vez incorporado atende a todos que lhes procuram. Orienta médiuns e assistência da importância da prática da caridade. Mostra que todos devem ter fé e força para ultrapassarem os obstáculos. Não fala sobre o Vale das Sombras abertamente, mas através de metáforas e de pontos cantados, procurando assim mostrar a verdade. Percebe com tristeza que algumas pessoas dizendo-se médiuns fortíssimos, procuram (orientados por kiumbas), ganhar a confiança das pessoas crédulas ingênuas apenas para explorarem a fé. Enganando-as e levando-as ao desespero e total desilusão para com a Umbanda. Quando depara com esses “médiuns” já sabe que logo terá novos hospedes. Mas ele carrega em si a chama do amor e da esperança.
É alegre quando está em terra. Fuma e bebe e através deste ritual defuma e comunga de paz com os encarnados. Inspira-lhes confiança. Torna-se amigo, confidente, orientador…
A seu lado, no terreiro outros Exus que dominam, diversos reinos também cumprem a missão. Quando voltam para o Vale após as sessões sentem-se mais felizes, pois sabem que graças a Eles e aos diversos Exus de Lei, muitos encarnados jamais passarão por ali. Pois estão amparados pela Lei Maior da qual é um fiel Executor.
Laroiê Exu
Por: Cassio Ribeiro

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