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domingo, 30 de maio de 2010
Sobre Cobranças de Consultas na Umbanda
Lembro-me de quando fundei o CECP, um dos médiuns fundadores sugeriu que estabelecêssemos uma quantia para que os médiuns da Casa pagassem mensalmente visando ajudar na manutenção física da mesma.
Embora tenha ficado constrangida na ocasião, acabei por aceitar, pois vi que realmente iria precisar de toda ajuda possível, pois construira o Centro com recursos próprios, sem nunca haver recebido qualquer tipo de ajuda financeira.
Confesso que sempre tive dificuldades com relação a esta questão. Talvez porque ouvi da Preta Velha que tenho a honra de trabalhar, Vovó Maria Conga, que “quem não pode com a mandinga, não carrega patuá”. Só que me conscientizei que havia criado uma instituição pública, o terreiro não era meu, mas de todos.
Tão logo tive condições, criei uma cantina que auxilia fortemente nas despesas de nossa Casa até os dias de hoje.
Hoje o nosso terreiro “se paga”, ou seja, todas as despesas de manutenção são pagas com o dinheiro arrecadado das mensalidades dos médiuns e da cantina.
Solução mais difícil e demorada? Certamente! Mas a certa!
Não se pode misturar o sagrado com o profano.
Umbanda é Caridade e Caridade não é dar o que está sobrando, mas dividir o que se tem!
Quando temos a graça de receber em nosso templo sagrado, ou seja, em nossos corpos, as vibrações de nossos guias e mentores, devemos ter esse templo limpo e livre de contaminações terrenas.
A mediunidade é graça divina para a queima de nosso carma, não pode ser maculada com trocas, com venda, ou mercantilização da fé!
Costumo ouvir pessoas dizerem que não vêem nada de mais em se cobrar um pequeno valor, ou uma esmola nas consultas... e que já que na Umbanda não se pode cobrar, então “o que faço em meu terreiro não é Umbanda”? Eu respondo: o que você faz não é caridade, você faz troca, logo, não é Umbanda!
Você está maculando os nossos guias e mentores sim! Você está maculando o nome da Umbanda! Você está mercantilizando a fé! Você está trocando por alguns níqueis a palavra do preto velho, a energia de caboclo e isto meu amigo, NÃO É UMBANDA!
É papel do dirigente, auxiliado por seus filhos, buscar os recursos materiais para a manutenção de sua Casa, em nível também material e nunca buscar no espiritual esses recursos.
Não ver nada demais em se cobrar um pequeno valor para auxílio nas despesas é na realidade eximir-se do compromisso enquanto médium do comprometimento com a manutenção da Casa que é dele também.
Mas, eu não interfiro no quanto cada médium está envolvido e compromissado com a Nossa Casa, por isso no CECP a mensalidade não é obrigatória! Paga quem quer e quanto quer e pode!
Por outro lado a assistência também “não ver nada demais” em pagar pequena quantia pela consulta que terá, dá a ela o “poder” de exigir pela qualidade de resultados que estão exclusivamente em nível espiritual. É como quando compramos um produto, passamos a ser donos dele e podemos exigir resultados.
Sabemos que a espiritualidade não funciona assim, tudo depende do merecimento de cada um e não do valor pago na consulta. A espiritualidade superior não está a venda!
A paga também serve para jogar para o guia ou para a Casa a responsabilidade de seus atos escusos! “To pagando... quero resultados!”
Em suma, não se mistura a necessidade material com a espiritual! São água e óleo!
Cabe a mim, enquanto dirigente a responsabilidade principal, embora isso não exima os meus filhos de uma co-responsabilidade, mas nunca serão obrigados a contribuir! NUNCA! Aliás, eu não tomo conhecimento de quem paga mensalidade, de quem faz doações, etc... Existe uma tesoureira que cuida de tudo o que diz respeito a essa parte.
Não podemos “jogar” para os nossos amados guias a responsabilidade por nossas despesas materiais, estabelecendo qualquer valor para este momento de graça e glória.
Então “não tem nada demais” expô-los a nossa mesquinhez?
Eles não precisam de templos bonitos, quem precisa somos nós!
Eles precisam de médiuns que desejem verdadeiramente fazer caridade, ou seja, dividir o que se tem!
Ninguém recebe tratamento diferenciado em Nossa Casa por haver contribuído ou deixado de contribuir seja filho ou consulente!
É fundamental a clareza de propósitos e intenções!
Ainda não ficou claro o que é Umbanda? “É a manifestação do espírito para a Caridade” Caboclo das 7 Encruzilhadas por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico. E o que é caridade? É dividir o que se tem.
“Quem não pode com a mandinga, não carrega patuá”, se não tem condições materiais de abrir terreiro, certamente não tem espirituais também! Porque mesmo passando por inúmeras dificuldades, nada justifica cobrar pelas consultas!
E sabe baseada em que afirmo isso? Porque a espiritualidade superior trabalha em favor daquele que reúne as condições espirituais. Eles precisam de tão pouco para trabalhar... nós é que precisamos de muito. Muito aprendizado e humildade! Aceitar o fato de que não reunimos condições (materiais e espirituais) para abrirmos um terreiro é muito difícil... é mais fácil abrir e cobrar pelas consultas. Só que não é Umbanda!
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