Xangô é o Orixá da justiça, do equilíbrio, da prudência, da sabedoria e demais sentimentos que devem imperar em nós, seres humanos, e não para nós. No plano físico, atua de maneira audível e visível através dos raios, relâmpagos e trovões. As cordilheiras, enfim, todos os maciços do planeta e demais elevações existentes no cosmo, são Xangô manifestado. Ele é o Senhor de todas as energias secundárias (elétrica, magnética, nuclear, atômica, estelar, radiante, luminosa, etc.) já que Olorum é a energia primeira. Diz a lenda que quando Xangô está aborrecido cospe meteoritos no espaço. Do cimo das mais altas formações de pedra, Xangô assiste e controla com presteza absoluta, todo o esplendor das tempestades, trovões e relâmpago, toda a presença ígnea no espaço sidérico. Junto a Ele está o Orixá Iansã, que ocupa o 5º Raio da teologia umbandista.
No plano emocional já enunciamos os sentimentos que são característica da sua irradiação universal. Empresa aos seus diletos (aqueles que se conduzem
em harmonia) um porte viril, altaneiro, digno, calmo, pelo menos aparentemente; são equilibrados nos seus pareceres, um tanto calados, mas sempre justos. Detestam pessoas mentirosas, ladras e irresponsáveis. São enérgicos, persistentes, cuidam, com gosto da aparência, do vestuário e de seus pertences. Conservadores nos hábitos e idéias. Quando mudam de pensar, fazem-no de maneira repentina e com profundidade. Amam, ardentemente, a vida.
No plano mental, destacam-se como intelectuais de primeira água. São bons doutrinadores, escritores, pesquisadores e filósofos. Servem como bússola ética às sociedades onde vivem. Bons juristas, advogados e gerentes de empresa, principalmente na parte administrativa. Como trabalhadores braçais, inspiram confiança, embora arredios no fazer amigos. Sinceros, corajosos e determinados, angariam, pelo próprio valor, as posições de mando.
A parte negativa nos filhos de Xangô está na crueldade, alienação, violência e orgulho desmedido, além da ambição um tanto cega. São capazes de liderar revoluções, desordens sociais e, com ou sem razão, tornam-se “donos” e ditadores da coisa pretendida.
Sincretismo: Xangô Caô (São João Batista) - Xangô Agodô (São Jerônimo) - Xangô Agojô (São
Pedro) - Xangô velho
Sua Guia: Suas guias, são feitas geralmente com contas marrom, marrom/amarelo (Xangô Agodô), rosa (Xangô Caô) ou roxa (Xangô Agojô)
Sua Bebida: Cerveja preta, vinho branco, água de cachoeira, sumo das suas ervas
Sua Comida: Cará, rabada, quiabo, moranga com camarão, batata doce, abóbora
Suas ervas: Folha da costa, matamba, betis cheiroso, levante, folha de fogo, cerejeira, figueira branca, amoreira, ameixeira, espada de Santa Bárbara, Comigo ninguém pode, cipó mil homens, folhas de café, folha de manga, Guiné, arruda, limoeiro, umbaúba, vence demanda, urucum, pessegueira, pau pereira, para raio, noz moscada, nega mina, mutamba, mulungu, manjericão, malva cheirosa, jaqueira, folha da fortuna, folha da costa, fedegoso, erva tostão, erva de são João, cavalinha;
Suas flores: Flores nas tonalidades marrom, amarelo, rosa.
Velas: Marrom, marrom/amarelo, rosa ou roxa.
Símbolo: Machadinha dupla, raio
Data da comemoração: 24/06 - Caô; 29/06 - Agojô; 30/09 - Agodô
Dia da Semana: Quarta-feira
Número: 6, 12
Saudação: Caô Cabecile - Que significa “Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real”.
Local para entregas: Pedreiras, montanhas, campos (dependendo da qualidade do Xangô)
#################################################################################
Xa= Senhor, dirigente
Angô= Raio, fogo, alma
Xangô= Senhor do Raio, Senhor das Almas ou Senhor Dirigente das Almas
São Jerônimo - Xângo Agodô = Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
A finalidade principal desta linha é fazer caridade, implantando a justiça e os sentimentos que lhe são entregues. Sua essência é ígnea, manifesta-se nas montanhas rochosas, pedreiras e energiza a estabilidade constante vibrando na musculatura e na razão.
É cultuado nas montanhas e pedreiras e aceita como oferenda cerveja preta, melão, abacaxi, rabada de boi e é firmado com velas brancas e marrons. Simbolizado pela cor marrom e figurativamente pelo desenho de um machado com dois cortes. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão.
Xangô exerce uma influêcia muito forte em seu filho. Todos os Orixás, evidentemente, são justos e transmitem este sentimento aos seus filhos. Entretanto, em Xangô, a Justiça deixa de ser uma virtude, para passar uma obsessão, o que faz de seu filho um sofredor, principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento e não o da Justiça Divina, quase sempre diferente do nosso, muito terra. Esta análise é muito importante.O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando. É eterno conselheiro e não gosta de ser contrariado, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalma-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guarda rancor. A discrição faz de seus vestuários um modelo tradicional.
Quando o filho de Xangô consegue equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, torna-se uma pessoa admirável. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhe prejudicar, só lhe traz benefícios. O grande defeito dele é julgar os outros. Se aprender a dominar esta característica, torna-se um legítimo representante do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adora colecionar pedras.
São Jerônimo, sincretizado com Xangô no Brasil, nasceu de uma família abastada, provavelmente no ano 331, na cidade de Stridova, entre a Croácia e a Hungria.Estudou em Roma, especializando-se na arte da oratória.
Como sua juventude fora dedicada à vida mundana, Jerônimo tardou seu batizado e, em carta ao papa, ele vislumbrou para si um batismo de fogo no qual suas máculas seriam queimadas. Após ter copiado dois livros de Santo Hilário, ele decidiu estudar teologia. Mas sua leitura favorita continuava a ser a literatura dos grandes legisladores e oradores, como Cícero.
Aos 43 anos, ele esteve muito doente e permaneceu muito tempo acamado, durante a Quaresma, jejuou e teve visões, vendo-se diante do trono do Senhor.
Resolve dedicar-se a uma vida monástica, isolando-se no deserto de Marônia, na Síria. Livros, penas e nanquim são seus companheiros.
Para combater a pensamentos impuros, pegava uma pedra e batia em seu peito, punindo-se, logo após voltava a escrever em hebraico, onde se tornou mestre nessa língua.
O sincretismo entre Xangô e São Jerônimo está no temperamento forte, crítico e na medida que ambos são conhecedores de leis e mandamentos. Xangô tem como lugar as pedreiras.
Sua imagem é representada por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado.
Quem tem a proteção de Xangô sabe: não há nada nem ninguém que destrua um filho desse orixá. Sem medo. Essa é uma característica herdada do pai, Xangô, entidade mais forte. São dele a força, o poder e a capacidade de fazer e desfazer todas as coisas. Mas ele não age sem uma boa razão: Xangô tem um senso de justiçamuito acentuado. Exige exclusividade, mas nunca consegue resistir a uma aventurazinha. Ousados e cheios de iniciativa, quando se apaixonam, fazem o impossível para conquistar o ser amado. São diretos, sem rodeios, vão logo ao que interessa.
Atrevidísssimos, não descansam enquanto não conseguem o que querem.
Xangô é o próprio Fogo, energia inesgotável, devastadora. Ninguém fica imune ou indiferente à sua passagem. Não há como ignorar a pompa e a altivez desse integrante da alta aristocracia africana.
Pedra rolou, Pai Xangô, lá na pedreira
Segura o ponto, meu Pai, na cachoeira
Tenho o meu corpo fechado
Xangô é meu protetor
Firma esse ponto, meu filho
Pai de cabeça chegou
Por Beth
Nenhum comentário:
Postar um comentário