quinta-feira, 1 de abril de 2010

MARINHEIROS

O Céu está claro e a noite estrelada se descortina revelando a lua, cheia e brilhante.




O mar reflete a doce forma ondulada do astro mãe que parece uma grande pérola na imensidão do Céu.



O marujo, do alto de seu mastro, olha a Lua e se embriaga com seus raios de prata e no convés, o capitão olha sobre seu leme e vê a Terra se aproximar.



Ao longe, o som dos atabaques repinicando faz ouvir o reto da marujada que vêm chegando.



No Terreiro, o voz da preta-velha comanda: – ” Ah, mano”! E o Ogam canta:



Ôh Marinheiro, é hora



É hora de vir trabalhar



Ôh Marinheiro, é hora



É hora de vir trabalhar



É Céu



É Mar



São os Marinheiros que vêm nas ondas do mar



É Céu



É Mar



São os Marinheiros que vêm nas ondas do mar



Mano meu, Mano meu



Aonde estás que não me responde



Mano meu, Mano meu



Aonde estás que não me responde



Ah, Mano meu



Nunca fiz mau a ninguém



Ah, Mano meu



Eu só sei fazer o bem



Ah, Mano meu



Nunca fiz mau a ninguém



Ah, Mano meu



Eu só sei fazer o bem



Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão. São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar.



Os Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos.



Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras.



Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d áqua) e trazem uma mensagem de esperança e muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.



Seu trabalho é realizado em descarregos, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu trabalho é parecido com o dos Exus, os quais, também podem trabalhar nessa linha. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre os marinheiros e os Exus na ora da gira, pois os Exus vêm com todos os trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.



Ôh, Zé



Quando vem lá da lagoa



Toma cuidado com o balanço da canoa



Ôh, Zé



Quando vem lá da lagoa



Toma cuidado com o balanço da canoa



Ôh Zé



Faça tudo o que quiser



Só não maltrate o coração dessa mulher.



Ôh Zé



Faça tudo o que quiser



Só não maltrate o coração dessa mulher.



Mas, quando se canta um ponto como o que está ai em cima, com certeza se sabe que um comprade está chegando na gira.



A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados, não tem tempo ruim para esta falange. Com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas.



A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros fumos diversos.



Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um “porto seguro”.



A gira de marinheiro, em muito, parece uma grande festa, pela sua alegria e descontração, mas também, existe um grande compromisso e responsabilidade no trabalho que e feito.

Autor: Etiene Sales

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