Pai-de-santo superstar: Pai Buby espalha seus templos pelo mundo, conquistando adeptos e admiradores |
É assim que se apresenta o alagoano, de 57 anos, Sebastião Gomes de Souza.
Em duas décadas, ele levou o Templo Guaracy do Brasil a Washington, Berkeley, Nova York, nos Estados Unidos; Quebec, no Canadá; Linhol, em Portugal; Graz, na Áustria; Genebra, na Suíça; Paris, Estrasburgo, na França. Lugares onde a religião era praticamente desconhecida. A expansão da umbanda promete ser ainda maior com a inauguração no ano que vem de filiais no México, na Espanha, na Grécia e no Peru. Enquanto no Brasil o número de umbandistas declarados decresce, os fiéis das casas de Buby não param de aumentar.
Mas o que surpreende os especialistas é a nova umbanda criada por esse pai-de-santo. "É uma reedição moderna da religião", afirma Vagner Gonçalves da Silva, antropólogo da Universidade de São Paulo. Os templos Guaracy apresentam várias novidades. A primeira delas é que são projetados e pensados para abrigar com conforto as classes média e alta. Outra inovação: normalmente, o pai-de-santo é responsável por apenas um terreiro. Carlos Buby controla uma rede no Brasil e no exterior.
Diferentemente de outros centros, no Templo Guaracy os rituais são organizados de modo circular, com cada médium em seu lugar para dar maior visibilidade ao visitante. Evita-se qualquer ação que possa chocar ou constranger, como gritos ou a incorporação de espíritos que façam o médium se arrastar pelo chão. A duração dos cultos não passa de duas horas e sempre começa no horário, em sintonia com o relógio do pai-de-santo. "Isso tudo dá segurança à pessoa", afirma Buby.
Outra distinção importante: no terreiro de Buby, o fiel não encontra exus e pombagiras. Bebidas alcoólicas não são ingeridas na frente dos freqüentadores, uma prática comum na umbanda. Boa parte dos cultos é feita à luz do sol, sempre com a presença de crianças. Também não há sacrifícios de animais.
Embora alguns pais-de-santo digam que Buby quer padronizar a religião e controlar os fiéis, seu estilo de dirigir o terreiro parece ser uma alternativa para a sobrevivência da umbanda no Brasil. A nova leitura da crença feita por esse pai-de-santo, somada à administração moderna, pode atrair novos seguidores para a religião. "No futuro, quase todos os pais-de-santo serão como ele", diz o antropólogo Vagner Gonçalves da Silva.
(Mariana Sanches, da revista Época)
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